Palestras

12 de março de 2018

Veículos elétricos: vantagens e desafios

O carro do futuro será elétrico. Os primeiros veículos fabricados no mundo foram elétricos. Em seguida surgiram os veículos com motor a combustão. No século XXI, com a preocupação com o meio ambiente, ressurgem com força os veículos com tração elétrica. Os desafios hoje são outros, e bem diferentes dos enfrentados séculos atrás. Como superá-los?

 

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Resenha

Sergio Leal Braga

O carro do futuro será elétrico. Esta é a afirmação de Sergio Leal Braga, Diretor do ITUC, da Pontifica Universidade Católica, Rio de Janeiro, personalidade convidada para mais uma edição do programa Ciência às 19 Horas, promovido pelo IFSC, que decorreu no dia 18 de outubro de 2011, pelas 19 horas, no auditório Sérgio Mascarenhas. Para o palestrante, a evolução do veículo automóvel, tal como conhecemos, chegou ao fim, e é tempo de regressar às origens, atendendo ao fato que os primeiros veículos fabricados no mundo foram elétricos. Justificação: a preocupação com o meio ambiente e a diminuição das emissões poluentes.

Mas, será que é realmente viável a introdução do veículo elétrico? Sergio Braga, cuja sua área de pesquisa incide nos combustíveis fósseis, não tem dúvidas a esse respeito:

Eu acredito que sim. O mundo está tão apostado em reduzir as emissões poluentes e buscar a eficiência energética, que chegamos completamente no limite do que é possível fazer com um motor de combustão. Então, hoje só tem um jeito de resolver esse problema: colocar esse motor para funcionar em regime estacionário e fazer a propulsão virar elétrica. De fato, o automóvel, da forma como foi criado, está chegando ao final de seus dias e, embora saibamos que o petróleo não vai acabar, o certo é que temos que fazer algo para reduzir a nossa dependência dos combustíveis fósseis e consumir menos, ou seja, usando a mesma quantidade de energia, mas de uma forma mais eficiente. Repare que enquanto num veículo tradicional sua eficiência gira na faixa dos 5%, na geração estacionária consegue-se chegar a 40% ou 50%, comenta Sergio Braga.

Há cerca de uma década, colocava-se a questão da inviabilidade de se utilizar carros elétricos, devido aos custos e ao tempo excessivo que era necessário para recarregar as baterias. Contudo, num curto espaço de tempo esses problemas foram sanados e hoje são problemas bem menores:

Por exemplo, nos Estados Unidos já existem ? embora em fase de demonstração ? ônibus elétricos em circulação, cujo tempo para carregar as baterias demora menos de dez minutos, e essa carga dá para rodar cerca de 40 milhas. O custo dessas recargas é muito baixo, mas o custo do desenvolvimento desse processo é muito alto. Contudo, muito em breve essa equação estará resolvida, argumenta o palestrante.

Contudo, a defesa de Sergio Braga para a introdução do carro elétrico no cotidiano das populações é apenas em uma perspectiva urbana, ou seja, dentro das cidades, onde atualmente existe uma forte concentração de poluição atmosférica. Para ele, não está em causa a utilização dos carros elétricos em grande viagens, já que o consumo de energia seria excessivo:

Quanto mais engarrafado for o trânsito, melhor será a aplicação do carro elétrico, pois ele é indicado para isso mesmo. Contudo, a pesquisa está avançando rapidamente, principalmente no que concerne ao desenvolvimento de novas baterias, mais leves, com maior autonomia, etc. Repare na particularidade do anda e para na cidade, onde o consumo de combustível e a poluição são enormes. Nessas condições, o carro elétrico tem a particularidade de desligar automaticamente o motor cada vez que para, e, cada vez que você freia ele recupera a energia cinética. Por outro lado, estou apostando muito no desenvolvimento de veículos com motores elétricos nas rodas, o que provocará uma redução substancial no preço deles, através de uma mecânica muito simples, acrescenta o palestrante.

Para Sergio Braga, daqui a quinze ou vinte anos os carros e motos elétricas dominarão o trânsito nas grandes cidades:

O futuro está aí e temos que preservar o planeta, conclui o convidado do IFSC.

Rui Sintra – jornalista

Veículos elétricos: vantagens e desafios
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Veículos elétricos: vantagens e desafios

12 de março de 2018

Ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil

Na década de 1960 o Brasil tinha pouquíssimos cientistas e pesquisadores, não havia regime de tempo integral para docentes nem ambiente de pesquisa nas universidades. Também não haviam engenheiros ou especialistas em setores básicos da indústria, nosso parque industrial era incipiente e não existia cultura de inovação nas empresas. Na palestra abordaremos aspectos históricos e geopolíticos da ciência e tecnologia no mundo e apresentaremos uma breve história da ciência no Brasil contextualizando o grande progresso feito nas últimas décadas.

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Resenha

Sergio Machado Rezende

Em mais um programa “Ciência às 19 Horas”, realizado no IFSC-USP, no dia 14 de setembro, pelas 19 horas, o Prof. Sergio Machado Rezende, docente e pesquisador da UFPE – Universidade de Pernambuco, abordou o tema intitulado “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento do Brasil”, numa palestra que traçou a história da ciência no nosso país.

Pessoa simples, afável e bom conversador, o Prof. Sergio Machado Rezende, ocupou o cargo de ministro da pasta da Ciência e Tecnologia no segundo mandato do Presidente Lula (2006-2010), sendo que, atualmente, considera seu laboratório, na UFPE, o seu reduto, o seu cotidiano reinventado na sua paixão, nem por isso negando participar em inúmeras palestras para dissertar, principalmente perante jovens estudantes universitários, um tema que para ele é muito querido: “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento do Brasil”.
Na conversa amena que mantivemos com Sergio Rezende, o ex-ministro referiu que o Brasil começou tarde no desenvolvimento das áreas de Ciência e Tecnologia, mas sublinhou que seu desenvolvimento tem sido constante. Na opinião do pesquisador, o Brasil teve algumas épocas onde as dificuldades imperaram, com diversos imobilismos e retrocessos em algumas questões, como, por exemplo, orçamentos e políticas, mas o certo é que, de maneira geral, o Brasil evoluiu bastante nas últimas décadas:
Para citar um número, em 1987 o país formou cerca de 4 mil mestres e mil doutores, enquanto que, em 2010, o número total de formados ultrapassou 50 mil – cerca de 40 mil mestres e 10 mil doutores. Multiplicar por dez, no espaço de vinte anos, o número de jovens formados é uma façanha. Tanto é, que hoje, o Brasil começa a despertar a atenção internacional e muitos países – mesmo do designado primeiro mundo – mostram interesse em entender como é que a ciência no Brasil cresceu tanto em tão curto espaço de tempo -afirmou Sergio Rezende.
Para o ex-ministro, uma das explicações está no aparecimento de inúmeros líderes que surgiram nas universidades – na pós-graduação e na pesquisa universitária – e que deram outras perspectivas para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação:
Eu costumo dizer isso nas palestras que profiro, principalmente aos jovens, pois eles desconhecem que há vinte anos não havia praticamente nada no nosso país, em termos de pesquisa – não havia laboratórios, equipamentos, pessoal qualificado. Mesmo que a situação de hoje não seja ainda considerada ideal e que ainda exista muito para fazer, o certo é que nós estamos fazendo um grande progresso: ele é notável e é notado no exterior, já que a ciência e tecnologia são áreas fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país -salientou o ex-ministro.
De fato, se repararmos com atenção, há muita coisa acontecendo em ciência, tecnologia e inovação no Brasil e, segundo Sergio Rezende, o país irá ser completamente diferente daqui a
dez ou vinte anos, quando o sistema estiver todo implantado e disseminado. Para o ex ministro, a ciência brasileira tem que ser tratada que nem futebol:
O Brasil é bom no futebol porque em todas as cidades existem escolinhas de futebol e campos para os mais novos aprenderem e praticarem. Acontece o mesmo com a ciência e tecnologia, já que estamos construindo agora mais escolas e universidades e o nosso país tem tudo para ser muito bom na geração de conhecimento e de inovação – acrescenta Sergio Rezende.
Um dos temas que não poderia faltar nesta conversa foi a experiência que Sergio Rezende teve à frente do MCT e na possível nostalgia que o pesquisador sentiu quando regressou à UFPE:
Eu me considero uma pessoa com muita sorte e sinto uma felicidade extrema em ter encontrado os parceiros certos na época certa. Fui para Recife ainda jovem, em grande parte porque o Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP) me convenceu. Eu era professor no Rio de Janeiro, recém formado doutor, e havia uma proposta de se construir um departamento de Física, com pesquisa, em Recife: claro que eu achava aquele desafio uma completa “doideira”: sair do Rio de Janeiro e ir para o Nordeste era coisa de doido. Mas o Prof. Sergio Mascarenhas insistiu, dizendo que ele próprio tinha ido para São Carlos (SP) para contribuir para a implantação de um instituto da USP, e que a cidade não tinha nada – e era verdade. Se prestarmos alguma atenção, a cidade de São Carlos é, hoje, um importante pólo de tecnologia, formando pessoas para todo o Brasil e inclusive para o exterior, e muitos estudantes de países da América do Sul escolhem São Carlos para completar seus estudos, já para não falar que a cidade tem um importante pólo de empresas tecnológicas. Por exemplo, eu estive na empresa “Opto”, cuja criação eu acompanhei na década de 80, e é impressionante sua evolução ao longo do tempo. Esse é um excelente exemplo de uma empresa de tecnologia nacional, formada dentro do IFSC-USP. Bem, voltando ao Prof. Sérgio Mascarenhas, ele tanto insistiu que acabei indo para Recife. Em Pernambuco, além de ter conseguido alcançar uma carreira de professor e de pesquisador, também tive a oportunidade de desempenhar diversos cargos como gestor, conciliando bem todas essas atividades. Fui, durante muitos anos, chefe de departamento, depois fui diretor de centro, diretor científico da FAPESPE, secretário de estado e secretário municipal – recorda o ex-
ministro.
Sergio Rezende confessou que a única motivação que teve para ocupar esses cargos foi a enorme vontade que ele sentiu em poder contribuir com algo para o bem público e, refira-se conseguiu fazer tudo isso sem abandonar as suas atividades de pesquisa. Quando entrou pela primeira vez no governo federal, (2003-2005 – primeiro mandato do Presidente Lula), foi no cargo de Presidente da FINEP, tendo sido convidado, em 2005, a assumir o MCT (segundo mandato do Presidente Lula):
Realmente, aceitei esse desafio não pelo cargo, mas sim pelo fato de poder fazer coisas novas e  emocionantes pelo Brasil. Claro que, após determinado tempo, o sacrifício pessoal começa a pesar nos nossos ombros, a família começa a ficar cada vez mais distante e tudo isso começou a me desgastar, inclusive em termos de saúde. Assim, no meio de 2010, iniciei o planejamento do meu retorno à universidade, ao meu laboratório de Física, e aí juntei todo material que eu dispunha e escrevi o livro intitulado Livro Azul, uma publicação que é a síntese das propostas colhidas durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, visando um período de dez anos e, ainda, a parte de conteúdo documental que conta com um livro com a história  do MCT, outra publicação com todas as entidades que compõem a pasta e, ainda, um com o mapeamento dos mestres e doutores do País – recorda o pesquisador.
Numa breve pausa de sua fala e com o olhar momentaneamente fixado no vazio, Sergio Rezende afirmou:
A partir desse momento senti que tinha feito alguma coisa de útil a favor do Brasil: dei o melhor de mim, tive um grande apoio do Presidente Lula, não só no aumento do orçamento do ministério, como, também, na implantação das políticas. Estou plenamente realizado – desabafou Rezende – Agora, estou usufruindo de coisas que ajudei a implantar, como, por exemplo, poder fazer ciência com recursos. O que eu sinto do passado é uma grande satisfação de ter contribuído para fazer algo de bom em prol do desenvolvimento do nosso país. Acredite que me sinto muito mais saudável – completou Rezende, esboçando um largo e repentino sorriso.
Questionado sobre a hipótese de voltar ao MCT, Sergio Rezende disse:
Cheguei a ser sondado em meados do ano passado, mas eu disse que já tinha feito o que podia e sabia fazer: mais do que fiz era impossível e precisava voltar para meu laboratório, precisava regressar às minhas origens. O plano de ciência e tecnologia que elaboramos em 2007 foi integralmente cumprido e isso dá uma enorme satisfação e um sentimento de… Dever cumprido.
(Rui Sintra – Jornalista)
Ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil
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Ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil

12 de março de 2018

Aquela doença: Câncer

Nesta palestra serão apresentados aspectos relacionados a alguns tipos de câncer, principalmente câncer de próstata – o segundo mais comum entre os homens no Brasil -, o câncer de cólon. Também será abordado, de forma genérica, o câncer de mama, segundo mais frequente no mundo. O Dr. Aurelio Julião dissertará sobre alguns aspectos relacionados à prevenção dos tipos de câncer mais comuns, o que é a melhor escolha para lutarmos contra “Aquela doença: o câncer”.

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Aquela doença: Câncer
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Aquela doença: Câncer

 

 

 


Resenha

Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro

Em mais uma sessão do programa Ciência às 19 Horas, promovido pelo IFSC-USP, realizado no dia 13 de setembro, pelas 19 horas, no Auditório Sérgio Mascarenhas, foi a vez de se abordar um tema delicado e que ainda carrega, atualmente, algum desconforto, só de pronunciar seu nome: Câncer.

Coube ao palestrante, Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro, do INORP – Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto, dissertar sobre Aquela Doença: Câncer, onde foram apresentados diversos aspectos relacionados com a doença.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação IFSC, um pouco antes da apresentação de sua palestra, Aurélio Julião referiu que a incidência do câncer está aumentando, em termos gerais, principalmente em tumores onde se consegue estabelecer uma correlação muito evidente entre agressões provenientes do meio-ambiente, incluindo o tabagismo -, como são os casos dos cânceres da boca, laringe, esófago, pâncreas e bexiga, entre outros. Contudo, segundo o clínico, existe algo que ainda não se conseguiu mensurar:

Não conseguimos mensurar os efeitos das agressões do meio-ambiente, como a poluição direta, jogar dejetos gasosos, líquidos ou sólidos diretamente na natureza, e a indireta, que encontramos nas cadeias alimentares, tanto vegetais como animais, em virtude da existência de inseticidas e de medicamentos presentes, principalmente na agropecuária. Tudo isso está impactando a incidência do câncer, principalmente nos países (em desenvolvimento) onde o controlo é deficitário, onde sequer existe um combate ao tabagismo.

No mundo aparecem, por ano, cerca de 8 milhões de novos casos de câncer e este número, segundo o palestrante, irá dobrar até 2020, sendo que 70% desse número ocorrerá principalmente na Índia, China e Rússia. Mas, o que é mais importante? Combater o tabagismo ou as agressões ao meio-ambiente?

No tabagismo consegue-se mensurar melhor a eficácia das medidas adotadas. Por outro lado, combater as agressões que o homem faz ao meio-ambiente, e que entram nas cadeias alimentares, é mais difícil de quantificar. Além de ser uma questão política, esta última é também uma questão que está relacionada com interesses econômicos muito fortes que estão instalados nos países em desenvolvimento.

É verdade que durante largas décadas a humanidade tem convivido com “Aquela Doença: Câncer” e a pesquisa não tem conseguido acompanhar a evolução da doença. De fato, consegue-se entender os passos metabólicosque provocam o aparecimento e desenvolvimento do câncer, mas o que não conseguimos é acompanhar a medida de combate aos passos metabólicos da doença, já que o câncer é uma proliferação desordenada de células, resultado de várias alterações a nível cromossômico e genético, que são aleatórias.

Quando começamos a bloquear determinados espaços, ficamos impossibilitados de bloquear todos os espaços que levam ao desenvolvimento celular. O Dr. Aurélio Julião confirma que hoje existem algumas reações designadas de reações em cascata, que acontecem dentro das células e consegue-se identificar exatamente onde está o erro da célula quando ela desenvolve um câncer:

Conseguimos desenvolver drogas que combatem exatamente aquele ponto específico, mas não conseguimos desenvolver drogas que combatam os escapes desse mesmo ponto.

Podemos combater um determinado passo metabólico molecular, mas não conseguimos impedir que as outras moléculas se desenvolvam em cascata.

O palestrante acredita que nos próximos vinte anos o câncer consiga superar, em números, as doenças cardiovasculares, já que, atualmente, uma em cada quatro pessoas, no mundo, irá morrer de câncer, principalmente nos países em desenvolvimento: É curioso observar que o câncer está regredindo nos países desenvolvidos.

Por quê? Porque existe uma maior eficácia nas medidas públicas de combate à doença e de combate à poluição, incluindo o tabagismo, existe uma maior eficácia no tratamento dos pacientes e um aumento significativo na qualidade dos hospitais e na competência de todo o pessoal médico, paramédico, de enfermagem e auxiliar.

Quando questionado se a luta contra o câncer passa necessariamente pela prevenção, o Dr. Aurélio Julião respondeu: Existem tumores malignos que conseguimos prevenir e existem tumores malignos que não conseguimos prevenir. Nós não conseguimos prevenir um linfoma ou um tumor cerebral, mas conseguimos evitar, por exemplo, um tumor pulmonar: como?

Controlando o tabagismo e a poluição atmosférica. Podemos prevenir o câncer de pele através de uma menor exposição ao sol ou a aplicação de filtros solares. Podemos prevenir o câncer do colo uterino, fazendo com que as meninas se vacinem contra o HPV. Esses cânceres conseguimos prevenir…

Os outros, não. Então, o cenário que enxergo para as próximas décadas é que o câncer vai continuar existindo e afetando as populações; mas ele vai chegar a um ponto em que se transformará em doença crônica, que nem a diabetes ou a hipertensão. Ele chegará a um estágio em que deixará de ser abordado e tratado como uma ameaça mortal, passando a ser visto como algo que o paciente terá que conviver até ao final de seus dias. Erradamente, muita gente pensa que o câncer é uma doença que apareceu no Século XX. Sobre essa argumentação, os relatos são extremos.

Na verdade, quanto mais a população mundial foi adquirindo mais tempo de vida, mais se deu a oportunidade para que o câncer se desenvolvesse e aparecesse. Na época dos Faraós (só para dar um exemplo), qual era a expetativa de vida? Apenas trinta e cinco ou quarenta anos, uma margem de tempo que não dava para que o câncer aparecesse.

Por exemplo, hoje, no Sudeste do Brasil, qual é a perspectiva de vida? Setenta e cinco anos. Claro que é uma margem de tempo que dá para a doença aparecer. Mas, como é que pode aparecer um câncer?

O Dr. Aurélio Julião explica: Vou tentar explicar de forma simples. Uma pessoa entre os zero e os setenta anos desenvolve, normalmente, 6 ou 7 cânceres no seu organismo e o seu sistema imunitário consegue bloquear todos eles. Em algumas pessoas, o seu sistema imunitário não consegue bloquear todos eles e aí surge o tal “escape” que eu falei acima, traduzido em um tipo de câncer.

Pode ter aparecido por um defeito inerente ao sistema imunitário dessa pessoa, que simplesmente falhou, ou pode ser resultado de uma interação com o meio ambiente, em que o sistema deixou “abrir uma porta” e a doença entrou. É complexo…

Confrontado com a pergunta se o estado psíquico de uma pessoa poderá desencadear o aparecimento da doença, Aurélio Julião é categórico: Não acredito que estados psíquicos ou psicológicos desencadeiem alguma forma de câncer.

O que acredito é que um estado de espírito positivo ajude enormemente a encarar essa doença cruel, a tolerar melhor o tratamento. Pessoas com esse estado de espírito conseguem ter uma melhor qualidade de vida durante o tempo em que combatem a doença.

Rui Sintra – Jornalista

12 de março de 2018

A Ciência “VISTA” pelo surdo

A comunidade surda é linguística e socialmente marginalizada quanto à educação, principalmente na área científica. Isso decorre de várias barreiras.

A maioria dos surdos não é oralizada, isto é, não faz leitura labial nem fala, e apresenta grande dificuldade com relação à língua Portuguesa escrita.

Dessa forma, além de não escutarem e encontrarem dificuldade no aprendizado formal nas escolas, não absorvem conhecimento informal obtido através da mídia.

Apesar da língua natural de comunicação entre os surdos ser a língua brasileira de sinais (LIBRAS), cerca de 90% dos nossos surdos são filhos de pais ouvintes (que não conhecem LIBRAS) e muitas crianças surdas chegam aos 6, 7 anos sem nenhuma língua e sem organizar seu pensamento.

Com relação à área científica e tecnológica, a exclusão é ainda mais evidente, pois além de envolver muitos conceitos abstratos, a LIBRAS é muito pobre em sinais científicos.

O que iremos discutir é uma abordagem bem sucedida que visa circundar algumas dessas dificuldades.

O mundo do surdo passa a ser visto e não ouvido.

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Resenha

Vivian M. Rumjanek

Tudo começou no início da década de setenta – comentou a Profa. Vivian Rumjanek, docente e pesquisadora do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, um pouco antes de iniciar a sua palestra intitulada A Ciência VISTA pelo Surdo, inserida em mais uma edição do programa Ciência às 19 Horas, realizada no IFSC no dia 16 de agosto.

O que leva uma Bioquímica Médica a se interessar por surdos e suas problemáticas? Que correlação existe entre as duas áreas? Para Vivian, a correlação existe em termos médicos e em termos sociais, mas o que mais aflige é que o surdo é um deficiente, ou uma pessoa com necessidades especiais, que está invisível para todos. Você consegue identificar, de imediato, um cadeirante, um amputado, um portador de alguma outra deficiência física, um cego, mas um surdo você não identifica: a deficiência dele não é identificável em um primeiro momento e isso é aflitivo. Como a grande maioria dos surdos não fala, essa maioria vive num mundo completamente diferente das restantes pessoas. A única referência de comunicação que o surdo tem é a visão, nada mais.

Vivian Rumjanek contou que o seu interesse por este assunto começou no início da década de 1971, quando o então Presidente dos EUA, Richard Nixon e o Secretário de Estado, Henry Kissinger, preocupados em desatolar seu país dos pântanos vietnamitas, instituíram a denominada Diplomacia do Ping-Pong com a República Popular da China, de Mao Tse-Tung, tendo-se estabelecido, entre outras iniciativas, a estruturação do Eixo Washington – Beijing e o ingresso da China Popular na ONU:

Fui convidada, nesse período, para participar em um congresso em Beijing. Cheguei ao aeroporto chinês com quatro horas de antecedência do horário estipulado e, claro, o meu guia ainda não tinha chegado para me acolher. E ali fiquei eu durante quatro horas, única não asiática, sem qualquer referência, perdida numa multidão de chineses, sem qualquer hipótese de me comunicar, pois ninguém falava outro idioma que não fosse o chinês, sem saber sequer onde era o banheiro, já que tudo estava escrito em chinês. Mesmo ouvindo o ruído em meu redor eu me senti completamente perdida, em pânico. Foi aí que eu comecei a pensar na sensação que deveria ter o indivíduo surdo e como é importante, mesmo imprescindível, ele ter uma comunicação visual, já que dificilmente tem outra ao seu dispor.

Foi a partir desse momento que Vivian Rumjanek iniciou sua caminhada rumo a um entendimento mais profundo dessa temática, tendo-se envolvido não só no estudo da deficiência auditiva, como, também, em diversos projetos com a finalidade de minimizar os efeitos nefastos da solidão atroz vivida pelos surdos e pela dificuldade que eles têm em progredir, principalmente nas escolas, universidades e, principalmente, na ciência.

Vivian Rumjanek confidenciou-nos que na sua palestra iria levantar questões relativas com a falta de intérpretes em LIBRAS e a inexistência desses profissionais em diversos setores, como, por exemplo, hospitais, escolas, universidades e institutos, o que prejudica fortemente a comunicação, integração e desenvolvimento da pessoa surda no cotidiano.

Atualmente, a Profa. Vivian Rumjanek trabalha com cerca de duzentas crianças surdas, no Rio de Janeiro, desenvolvendo atividades que têm o intuito de abrir, para elas, as portas à ciência e tecnologia.

(Rui Sintra: Jornalista)

A Ciência "VISTA" pelo surdo
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A Ciência "VISTA" pelo surdo

12 de março de 2018

Energia nuclear: o que é, e quais são seus riscos e benefícios

Quando se fala em “energia”, fora do jargão técnico, se está usualmente fazendo referência a um recurso comercializável importante para a vida quotidiana nos dias de hoje em situações que vão desde lareiras ou condicionadores de ar até as baterias que animam o funcionamento do telefone celular ou do computador portátil. Nesta palestra pretendemos caracterizar um domínio “nuclear” como uma das possíveis fontes da qual pode ser extraído esse recurso. Para tanto descreveremos os conceitos físicos básicos envolvidos na produção desta “energia nuclear” para passarmos em seguida à consideração de questões mais difíceis, como avaliação de riscos e benefícios que podem vir da exploração e uso dessa fonte, em que pese, em particular, o impacto de eventos mais catastróficos, como o que ainda está se desenvolvendo em Fukushima, no Japão.

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Resenha

Antônio Fernando Ribeiro de Toledo Piza

A palestra subordinada ao tema Energia Nuclear: o que é e quais são seus riscos e benefícios, que decorreu no dia 07 de junho, pelas 19 horas, no auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC), integrada em mais uma edição do Programa ?Ciência às 19 Horas?, teve como palestrante o Prof. Dr. Antonio Fernando Ribeiro de Toledo Piza, professor titular do Instituto de Física da USP, personalidade com ampla experiência em Física Nuclear Teórica e, mais especificamente, em reações nucleares.

O palestrante não só aproveitou a discussão sobre a viabilidade da energia nuclear, que de repente ganhou um novo front, principalmente devido ao recente acidente na usina nuclear de Fukusima e pela passagem do 25º aniversário de outro acidente nuclear ? Chernobyl -, como também explicou, para o público leigo, qual o processo desse tipo de produção energética, balancear seus prós e contras, avaliar seus possíveis impactos e dar uma panorâmica sobre as bases físicas que estão diretamente ligadas aos perigos radioativos.

Momentos antes de iniciar sua palestra, em conversa aberta na Assessoria de Comunicação do IFSC, o Prof. Piza concordou, em parte, com nossa colocação: tida como uma menina bonita, de repente a energia nuclear passou a ser vilã:

É um fato que as pessoas começaram a ver a energia nuclear como um vilã, principalmente devido ao seu controle, que é problemático. Os perigos existem e os riscos são muito altos. Temos usinas nucleares espalhadas por todo o mundo e a partir do momento em que surge um problema, as pessoas ficam assustadas e receosas: isso é natural, até porque a radiação é invisível e as pessoas não carregam com elas medidores de radiação. Por outro lado, outra circunstância agravante é que não existem, em nenhuma usina, mecanismos de alarme eficazes, nem sistemas de prevenção ? referiu o Prof. Piza.

Dando o exemplo do recente acidente de Fukushima, no Japão, o docente da USP é categórico ao afirmar que existe a necessidade de se repensar seriamente em alternativas na politica nuclear mundial. Por exemplo, instalar reatores nucleares, no Japão, é um alto risco, já que o país está assente em falhas geológicas importantes, que obrigatoriamente provocam sismos: e o Japão sabia disso e agora, depois do acidente, vai ter que adotar outro tipo de filosofia em relação à energia nuclear, outros cuidados terão que ser tomados, outras formas de prevenção. O projeto de Fukushima mostrou sua fragilidade:

Duvido que Fukushima sobreviva. A cidade vai se tornar em uma Chernobyl – comentou Antonio Piza.

Contudo, no Brasil, as coisas parecem seguir um rumo tranquilo:

Aqui, as coisas estão bem em termos de segurança, mas é tudo uma incógnita. Existem alguns problemas técnicos que deverão ser observados – concluiu o docente.

Rui Sintra – Jornalista (IFSC)

Energia nuclear: o que é, e quais são seus riscos e benefícios
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Energia nuclear: o que é, e quais são seus riscos e benefícios

12 de março de 2018

A origem da Física no Brasil e os 25 anos do MCT

Em 2010, comemorou-se o vigésimo quinto aniversário de fundação do Ministério de Ciência e Tecnologia, o MCT, um dos órgãos da administração federal que mais se destacou na última década. O objetivo desta palestra é duplo. O primeiro deles consiste em descrever a origem da física no Brasil, e o segundo discutir os principais eventos que estiveram presentes na elaboração do projeto desse ministério, enfatizando a participação de físicos como, por exemplo, José Leite Lopes (1918-2006) e Jayme Tiomno (1920-2011). A tese, que pretendemos defender, é que, mais do que construir um ministério, o propósito que os animava era propor e defender um projeto de nação.

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A origem da Física no Brasil e os 25 anos do MCT
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A origem da Física no Brasil e os 25 anos do MCT

12 de março de 2018

O LHC e o Universo: A busca da origem da massa

Com o início do funcionamento do Grande Colisor de Hadrons (LHC-Large Hadron Collider) no CERN na Suíça, abre-se uma nova era de descobertas em Física das Partículas Elementares. Nessa palestra descreveremos o que é o LHC, como ele funciona e o que esperamos aprender sobre a Natureza e o Universo a partir dos futuros dados experimentais.

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Vídeos adicionais

Vídeos adicionais desta palestra
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Teste

Resenha

Rogerio Rosenfeld

Convidado a proferir a palestra intitulada O LHC e o Universo: A busca da origem da massa, o Prof. Rogério Rosenfeld, Diretor do Instituto de Física Teórica da UNESP, descreveu, com pormenor, de que forma é que o LHC é constituído, como funciona e o que se espera dele para que a comunidade científica atinja um maior conhecimento sobre a Natureza e o Universo:

Na verdade, o LHC vai explorar partículas menores que aquelas que estamos habituados a observar e a trabalhar, partículas mais elementares que aquelas que conhecemos. Atualmente, nessa área do conhecimento, estamos numa situação on de a teoria se encontra à frente da experimentação e por isso existem muitas teorias, muitos modelos que ainda não foram testados e o LHC vai possibilitar que se testem várias dessas teorias e várias suposições teóricas. Existe um modelo teórico que descreve a Natureza só até onde nós a conhecemos e o que o LHC vai fazer é testar esse modelo e isso nunca antes aconteceu. Um exemplo disso é a partícula que dá origem à massa de todas as outras partículas elementares – referiu o Prof. Rosenfeld.

Dando como exemplo o elétron, que é uma partícula que circula na fiação, que tem uma massa extraordinariamente pequena, Rosenfeld coloca a questão:

De onde vem essa massa?… Estamos sendo bastante ambiciosos em fazer perguntas fundamentais… Será que conhecemos a origem da massa dessas partículas elementares? No modelo que falei atrás e que ainda não foi testado, existe uma teoria que explica a origem das massas; essa teoria prevê a existência de uma nova partícula que ainda não foi descoberta e tem o nome de Partícula de Higgs (nome dado em homenagem a Peter Higgs, um dos físicos que compuseram o referido modelo) e a busca por essa partícula é, talvez, a prioridade do LHC – explica o acadêmico.

Segundo palestrante, depois de muitos anos, a comunidade científica vai poder ter a chance de testar novas teorias, entre elas a hipótese de existirem novas dimensões extras, além daquelas que conhecemos – 3 dimensões – e, em princípio, o LHC pode chegar lá:

Estamos perante a hipótese de chegarmos a descobertas verdadeiramente revolucionárias, por exemplo, a respeito do nosso espaço e, mais que isso, a respeito do próprio Universo. Hoje não sabemos muita coisa a respeito do Universo, principalmente no capítulo dedicado à sua composição. Sabemos que nós ? matéria e átomos ? correspondemos a uma parte muito pequena do Universo, ou seja, a 5% do seu conhecimento: 95% do Universo é desconhecido. O LHC pode nos dar respostas nunca imaginadas para enriquecer esse conhecimento, como, por exemplo, o enigma sobre a matéria escura – conclui o Prof. Rosenfeld.

(Rui Sintra – Jornalista (IFSC-USP)

O LHC e o Universo: A busca da origem da massa
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O LHC e o Universo: A busca da origem da massa

12 de março de 2018

Células Tronco: promessas e realidade da terapia celular

Em 1999, as células-tronco foram eleitas o avanço científico mais importante do ano pela revista americana Science. Desde então, muitas conquistas significativas sobre células-tronco foram obtidas, e com isso cresceu a expectativa da população em relação à medicina regenerativa.
A palestra abordará este tema de grande interesse, com um foco especial no uso de células-tronco como agente terapêutico em doenças comuns, como diabetes e cardiopatas. Apesar da capacidade de diferenciação das células-tronco embrionárias estar bem caracterizada em camundongos e em humanos, seu uso em terapia celular e em pesquisa tem sido dificultado por questões de compatibilidade, segurança e ética. Por outro lado, as células-tronco adultas não apresentam estes empecilhos, apesar da extensão de sua plasticidade ainda estar sob investigação. Abordaremos, ainda, a importância de se trabalhar com as duas classes de células-tronco humanas, de forma a se cumprir com suas promessas terapêuticas.

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Resenha

Lygia da Veiga Pereira

Decorreu no dia 21 de março, pelas 19 horas, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), a primeira edição de 2011 do já conhecido programa Ciências às 19 Horas, tendo como destaque a palestra intitulada – Células-Tronco: Promessas e Realidade da Terapia Celular, ministrada pela pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da USP (*), que, de uma forma aberta e completamente decodificada, discutiu os rumos das pesquisas desenvolvidas na atualidade, além das perspectivas futuras e dos desafios desse novo tipo de tratamento.

Com efeito, para Lygia Pereira, a terapia celular vem ocupando, desde há alguns anos, um espaço enorme de divulgação, principalmente na mídia, e, segundo a palestrante, essa mídia tende a apresentar os pequenos avanços que foram feitos nessa área de uma forma muito sensacionalista, até porque existe uma expectativa muito grande da população e dos pacientes em terem resultados positivos e de essas promessas poderem virar realidade. Assim, segundo a pesquisadora, qualquer pequeno avanço é notícia de primeira página:

Isso faz com que a população, os leigos, tenha uma percepção de que a terapia com células-tronco já seja uma realidade e que nós já estejamos tratando derrames, infartos diabetes através desse procedimento. Tudo isso é ainda uma promessa. As únicas terapias que estão consolidadas, utilizando células-tronco, e que qualquer médico pode aconselhar, são os transplantes de medula óssea, um procedimento clínico que já é feito há cerca de cinqüenta anos; e o transplante de medula óssea é um transplante de células-tronco, células essas que são responsáveis pela fabricação do sangue. Então, quando alguém tem, por exemplo, uma leucemia, uma das formas de tratamento é através do transplante de medula óssea, e desde 950 que isso é feito. Por enquanto, esse é o único tratamento com células-tronco que é consolidado na medicina, esse é o único tratamento com base em células-tronco que um médico pode receitar para seu paciente. Tudo o resto, lesão de medula, doença cardíaca, AVC, ainda é experimental, refere Lygia Pereira.

Segundo a pesquisadora, para a Doença de Parkinson, por exemplo, ainda se está na fase de testes em camundongos, enquanto que em outras doenças já se avançou um pouco mais, tendo-se entrado na fase de testes em humanos:

De vez em quando aparece nos jornais, principalmente na TV, títulos como este: paciente cardíaco tratado com células-tronco sai da fila de transplantes; essa noticia é maravilhosa, contudo, esse paciente faz parte de um grupo grande de pacientes que está sendo testado, ou seja, ele faz parte de um experimento. Um resultado positivo conta pouco, o que temos de ver é quantos pacientes melhoraram com a introdução das células-tronco versus os que não foram tratados com elas. Esse paciente melhorou por coincidência, por mero acaso, ou foi graças às células-tronco?… Tudo isto é muito mais complexo do que aquilo que a mídia divulga. O importante é as pessoas saberem que, apesar de em algumas áreas nós já termos avançado muito, o certo é que nenhum médico sério pode oferecer tratamentos com células-tronco para nenhuma das doenças que falamos atrás, porque isso ainda está em fase de experimentação, de pesquisa, sublinha Lygia Pereira.

Quando questionamos a pesquisadora sobre quanto tempo demorará até se conseguir ter respostas concretas, Lygia foi incisiva:

Bem, isso vai depender da área de pesquisa. Os tratamentos com células-tronco têm diferentes velocidades, conforme o tipo de doença. Por exemplo, no caso da diabetes auto-imune, em que o paciente tem essa doença porque seu sistema imunológico ataca suas células do pâncreas, o Prof. Júlio Voltarelli, da USP de Ribeirão Preto, está tendo resultados muito bons nos testes que estão sendo feitos em humanos, aplicando células-tronco. Então, o tratamento para esse tipo de doença está mais avançado, está mais próximo de uma realidade clínica: mas, atenção, estar mais próximo não significa que existe uma certeza de que esse tratamento vai virar uma realidade clínica. Contudo, esses estudos do Prof. Voltarelli estão, de fato, muito avançados e estão muito perto de virar tratamento. Outras doenças, como, por exemplo, lesão de medula e paralisia, nós ainda não vimos nenhum resultado animador nos testes feitos em humanos. Foi aprovado, nos Estados Unidos, recentemente, um ensaio clínico utilizando células-tronco embrionárias e vamos ver se elas funcionam para esses tipos de doenças. As doenças do sistema nervoso são bem mais complexas, daí que você tenha velocidades diferentes na aplicação das células-tronco, enfatiza a pesquisadora.

Lygia Pereira não arrisca dizer em quanto tempo se poderá ter respostas concretas e positivas na aplicação de células-tronco para determinadas doenças:

Há dez anos eu dizia que demoraria dez anos para haver uma evolução concreta e estamos neste estágio: hoje eu não vou dizer que espero ter respostas positivas daqui a dez anos. Eu entendo a expectativa e urgência dos pacientes e de seus familiares, mas a pesquisa séria, além de ser audaciosa, tem que ser cautelosa e por isso eu digo que estamos na fase da promessa, bem embasada, com muitos testes promissores. Vamos aguardar,  remata a conferencista.

(* Lygia da Veiga Pereira é professora associada e chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LANCE) da USP)

 

Rui Sintra – Jornalista – IFSC

Células Tronco: promessas e realidade da terapia celular
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Células Tronco: promessas e realidade da terapia celular

12 de março de 2018

Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma

A Recepta Biopharma é uma empresa de biotecnologia na área de saúde humana com atividades de pesquisa, desenvolvimento e testes clinicos com anticorpos monoclonais e peptídeos para uso no tratamento do câncer. Para desenvolver suas atividades a Recepta adotou um singular modelo baseado em parcerias com instituições de pesquisa. O modelo Recepta é uma resposta que tenta otimizar o uso da competência instalada nas instituições parceiras em projetos cientifica e/ou tecnologicamente desafiadores com uma estrutura que permita a obtenção de resultados dentro dos prazos e com a qualidade exigidas por uma empresa. Na palestra discutiremos o modelo, suas vantagens e os desafios que a Recepta enfrenta para atingir seus objetivos.

 

 

 

 


Resenha

Prof. Dr. Jose Fernando Perez

Decorreu no final da tarde do dia 25 de novembro, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), mais uma edição do programa intitulado “Ciência às 19 Horas”, subordinado ao tema Inovação Semi-Aberta: o caso da Recepta-Biopharma, tendo como palestrante o Prof. José Fernando Perez, Diretor-Presidente da empresa de biotecnologia Recepta-Biopharma, empresa que se dedica a pesquisa, desenvolvimento e testes clínicos relacionados com o tratamento do câncer. O Prof. Perez foi, igualmente, ex-diretor científico da FAPESP, no período 1993/2005.

A palestra versou sobre o modelo inovador em que a empresa se baseia, no sentido de otimizar o aproveitamento da excelência científica e tecnológica do País, para buscar parcerias com universidades, institutos de pesquisa e hospitais.

Com a colaboração de cientistas de comprovada competência e experiência internacional, a empresa prossegue o seu objetivo de fazer inovação tecnológica em biotecnologia, de forma a responder às necessidades da sociedade e do mercado nacional, traduzindo suas ações em medicamentos eficientes e em tratamentos mais baratos contra o câncer.

Para o Prof. Perez, o câncer é um problema crescente no mundo inteiro, constituindo a segunda causa de morte no Brasil e a primeira nos Estados Unidos, sendo que o número de casos no Brasil poderá igualar o dos EUA. Mas, porque é que o câncer atinge números tão preocupantes?

O câncer é uma doença cuja incidência aumentou com a longevidade da população. Hoje, todo o mundo cuida do colesterol, da hipertensão ou dos diabetes e essas medidas preventivas aumentam o tempo de vida das pessoas. Inexoravelmente, o câncer acaba ocupando o seu lugar graças a esse aumento de expectativa de vida das populações. O tratamento do câncer é um problema de saúde pública, é um problema de balança comercial e é por isso mesmo um desafio muito grande para a humanidade – afirmou José Perez.

Em conversa mantida com a Assessoria de Comunicação, poucos minutos antes de sua palestra, o Prof. Perez comentou que, atualmente, a melhor perspectiva que existe para o tratamento do câncer é a detecção precoce e, depois disso, a existência de várias formas de medicamentos que tratam diversas formas de tumor: (…) mas estamos longe de ter uma resposta satisfatória para um tratamento eficaz. Ainda não enxergamos uma luz no fundo do túnel – enfatizou.

Por outro lado, uma opção terapêutica importante contra o câncer é dada através dos designados anticorpos monoclonais (área em que a empresa Recepta-Biopharma se dedica), que são, sucintamente, moléculas biológicas que têm a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores, e estimular uma ação do sistema imunológico, apenas direcionadas a células tumorais. Esses anticorpos monoclonais estão sendo reconhecidos como uma opção terapêutica promissora para pacientes com determinado tipo de câncer.

Existem apenas dez anticorpos monoclonais no mercado mundial, com resultados muito interessantes, por exemplo, com um medicamento para o tratamento do tumor da mama, mas somente 23% dos pacientes são tratáveis por essa droga, sendo que cerca de 20% desse total responde ao tratamento. Como se observa, ainda existe um grande universo completamente desprotegido – afirma Perez.

Segundo o palestrante, no tratamento do câncer, a idéia é controlar e prevenir as metástases, já que o tumor é retirado cirurgicamente, e não é por causa dos tumores que os pacientes morrem, mas sim devido às metástases. Assim sendo, os anticorpos monoclonais aparecem como uma opção terapêutica que tem a capacidade de identificar as metástases, já que elas têm a mesma impressão digital que o tumor original: Mesmo assim, é desafio muito grande e creio que ainda estamos muito longe de ter uma resposta que possa tranqüilizar a sociedade –  acrescentou o Prof. Perez.

A empresa Recepta-Biopharma está tentando contribuir para gerar mais esperança para o combate a alguns tipos de tumor. Neste momento, segundo o Prof. Perez, tenta-se testar anticorpos dedicados ao combate do tumor do ovário, que é bastante agressivo. Contudo, o Presidente da “Recepta-Biopharma” volta a enfatizar que (…) o câncer é uma questão de saúde pública e uma questão de balança comercial. O tratamento com um anticorpo monoclonal custa a um paciente cerca de R$ 8.000,00 a cada três semanas e, se o paciente responder positivamente ao tratamento, continuará fazendo o mesmo por tempo indeterminado. Isso é um problema sério, que precisa ser equacionado – rematou Perez.

Rui Correia Sintra – Jornalista

Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma
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Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma

12 de março de 2018

Rios Voadores: o papel da floresta Amazônica no clima brasileiro

A Amazônia encontra-se atualmente sob pressão de duas forçantes: o desmatamento e as mudanças climáticas globais que podem comprometer não apenas a região local, mas também o clima de outras regiões do país. O principal objetivo do Projeto Rios Voadores é de aprofundar os estudos sobre o transporte de vapor d’água da Amazônia para outras regiões ao sul, buscando entender de que forma o desmatamento e as queimadas poderão alterar o regime das precipitações. Qual seria o impacto a longo prazo no Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, regiões de maior produção agrícola e geração de energia hidroelétrica, e onde se concentra o maior PIB do Brasil? O projeto Rios Voadores pretende colocar uma lupa nestes processos, voando junto com os ventos, amostrando o vapor, visando aumentar o conhecimento geral sobre esse tema tão crítico para o bem-estar futuro da população e da economia brasileiras.

 

 

 


Resenha

Foi realizada ontem, dia 9, no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas do IFSC, mais uma edição do programa “Ciência às 19 horas”. Em uma parceria inédita com a VII Semana da Engenharia Ambiental, o convidado foi o engenheiro mecânico e piloto Gérard Moss, responsável pelo projeto “Rios Voadores”, o qual foi discutido sob o ponto de vista da influência deste fenômeno no clima e na economia brasileiros.

Em sua fala, para um público numeroso, atento e curioso, Moss explicitou que os chamados rios voadores são cursos de água – mais especificamente, correntes de ar contendo umidade – que tem sua origem remota no Oceano Atlântico, se abastecem de vapor de água na Bacia Amazônica e percorrem as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Sua pesquisa definiu um pequeno corredor no céu por onde passam essas correntes de ar, medindo a quantidade de água que por ali circula durante 24 horas, e os resultados foram impressionantes. “Descobrimos que a quantidade de água precipitável pode ser muito próxima da quantidade que circula no rio Amazonas, o maior rio do mundo, que é 200.000 m³/s”, contou.

Segundo ele, essa água não é inteiramente aproveitável, pois a precipitação de fato envolve muitos outros fenômenos, mas a importância que estas correntes de ar têm para o equilíbrio natural do clima brasileiro e para o desenvolvimento da agricultura e fornecimento de energia elétrica é muito nítida e inegável.

E é a Floresta Amazônica a grande responsável por este fenômeno. O processo de evapotranspiração, através do qual os vegetais transferem água para o ambiente, enviando umidade para a atmosfera, ocorre em grande escala em uma floresta do porte da Floresta Amazônica. Desta forma, a floresta atua como um mecanismo regulador do vapor presente na atmosfera, e também como uma controladora do aquecimento solar, pois 40% da energia solar que ali chega é utilizada neste trabalho de evaporação.

É importante refletir, portanto, sobre os efeitos das queimadas e dos desmatamentos neste processo natural, calculando os impactos a longo prazo no balanço hídrico brasileiro, no equilíbrio do clima e na economia do país.

Gerard e sua esposa Margi, como exploradores dos céus há décadas, voando em aviões leves e de baixa altitude, se depararam muitas vezes com estes efeitos negativos de uma visão privilegiada. Puderam perceber os rios acuados, frágeis, um avanço significativo nos processos de desertificação, as queimadas abrindo buracos na floresta e a população se refugiando cada vez mais destes efeitos. Foi então que decidiram tentar compreender melhor os processos naturais pelos quais a Amazônia é responsável, para poder agir em prol do meio ambiente.

Gerard Moss

Hoje em dia, o projeto Rios Voadores entra em sua segunda etapa, com teor mais educacional, com o objetivo de difundir os conhecimentos que puderam absorver de suas experiências , conscientizando estudantes acerca da importância da Amazônia e transmitindo formas acessíveis de lidar com a sustentabilidade do planeta. “Hoje em dia, já existe uma maior consciência em relação às formas de preservação da Terra. Falta mesmo um conjunto de ações eficaz, pois todos pensam que é a sustentabilidade é algo distante e que pequenos atos não farão diferença, mas reciclar lixo, economizar água e energia elétrica e deixar o carro na garagem uma vez por semana faz diferença, sim. É importante acordar todos os dias e se perguntar: ‘o que sou capaz de fazer hoje em prol do nosso planeta?'”, opina Moss.

Com esta mensagem, Moss nos motiva a repensar os hábitos, a reconsiderar nosso dia-a-dia a favor de um bem maior que é reduzir o impacto da presença do ser humano na Terra. E, também, nos deixa na expectativa por outros resultados e outros avanços em suas pesquisa, que com certeza chegarão até nós.

Para outras informações, acesse www.riosvoadores.com.br

Nicolle Casanova

Rios Voadores: o papel da floresta Amazônica no clima brasileiro
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Rios Voadores: o papel da floresta Amazônica no clima brasileiro

12 de março de 2018

Teoria das Supercordas: a Física do futuro?

A motivação principal para estudar teoria de supercordas é a resolução de um conflito entre  relatividade geral e mecânica quântica. Além de resolver este conflito, a teoria de supercordas é uma candidata a unificar todas as forças e partículas da Naturza. Também tem aplicações em áreas diversas, como matemática, matéria condensada, e física de íons pesados. Nesta palestra, apresentarei uma introdução geral para este assunto.

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Resenha

Nathan Jacob Berkovits

Em mais uma edição do programa “Ciência às 19 horas”, decorreu no dia 26 de outubro, pelas 19 horas, no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas (IFSC), a palestra intitulada “Teoria das Supercordas: a Física do Futuro?”, apresentada pelo Prof. Dr. Nathan Jacob Berkovits, do Instituto de Física Teórica da UNESP.

A teoria das supercordas, também chamada de “teoria de tudo”, é quase que uma “candidata” para a resolução de conflitos clássicos colocados entre a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica, tendo como meta unificar todas as forças e partículas da Natureza.

Além disso, a teoria tem aplicações em áreas como matemática, matéria condensada e física de íons pesados.

Na palestra, o professor Berkovits – que é um dos principais pesquisadores do Brasil dedicados à teoria das supercordas – apresentou um panorama dessa área de pesquisa, tendo discutido, com entusiasmo, as possibilidades dessa teoria, bem como seus problemas fundamentais, com uma platéia interessada que lotou o Auditório do IFSC.

Mesmo antes de iniciar a sua palestra, o Prof. Nathan teve a amabilidade de conversar com a Assessoria de Comunicação do IFSC sobre este assunto.

Segundo o pesquisador, existe grande possibilidade da “Teoria das Supercordas” ser a Física do Futuro:

De fato, as Supercordas é uma teoria de Gravitação, que também inclui outras forças. Como modelo de Gravitação Quântica ela já funciona, mas como modelo comum para todas as forças ela não passa de uma mera possibilidade, que ainda não foi confirmada.

Segundo Nathan, será necessário fazer muito mais experiências com a finalidade de obter mais resultados teóricos, de modo a se confirmar – ou não – se realmente essa teoria inclui todas as forças da Natureza, ou somente a Gravitação.

Pessoalmente, alimento uma grande esperança de que essa teoria possa descrever as forças existentes na Natureza, mas isso não quer dizer que seja o fim de todas as teorias. Com certeza que irá surgir outra teoria melhor, que irá substituir a Teoria das Supercordas. Contudo, esta teoria é, basicamente, uma aproximação a algo que surgirá no futuro. Realmente, na Teoria das Supercordas ainda não enxergamos o que virá a seguir. Ainda não entendemos com profundidade esta teoria: alguns falam que quando chegarmos a esse entendimento iremos descobrir o caminho seguinte. Portanto, é prematuro afirmar se esta teoria vai descrever todas as forças, ou não. Existem várias coisas dentro desta teoria que ainda não conseguimos entender e que estão como que escondidas. O nosso desafio é entender e descobrir isso e ir mais além.

Rui Correia Sintra – Jornalista

Teoria das Supercordas: a Física do futuro?
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Teoria das Supercordas: a Física do futuro?

12 de março de 2018

Poluição Atmosférica: uma abordagem sob o prisma da saúde humana

As cidades são o ponto central da questão ambiental de nosso País. É nas cidades que surge a pressão por alimentos e energia que afeta as nossas florestas e rios. Desta forma, medidas que aumentem a sustentabilidade das cidades terão impactos benéficos, que se estenderão para muito além de seus limites territoriais. Há, porém, um aspecto ambiental pouco abordado, que é o da ecologia urbana, tendo como ponto central a qualidade de vida do homem. De fato, é até paradoxal que o viver nas grandes cidades não tenha sido objeto de uma análise mais profunda dos órgãos de saúde. Nesta palestra abordaremos, sob o prisma da saúde humana, os problemas de nossas grandes cidades: poluição atmosférica e sonora, contaminação das águas e do solo, inundações, com deslizamentos de terra e exposição de pessoas ao esgoto. O tamanho dos problemas de cidades como São Paulo não deve funcionar como um fator de inação. Na verdade, esta cidade tão complexa e tão sofrida oferece para análise o que tem de melhor, ou seja, um elenco de problemas. A crise urbana pela qual passamos é, talvez, a origem da força criativa para o surgimento das soluções.

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Poluição Atmosférica: uma abordagem sob o prisma da saúde humana
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Poluição Atmosférica: uma abordagem sob o prisma da saúde humana

12 de março de 2018

A história do projeto GENSAT: uma revolução transgênica na ciência do cérebro

O conhecimento dos mecanismos moleculares que contribuem para a formação, funcionamento e disfunções do cérebro devem incluir informações sobre a distribuição especifica dos gens e proteínas, assim como, a identificação, visualizará e manipulação genética dos deferentes tipos celulares.

O projeto GENSAT (“Gene Expression Nervous System Atlas”) tem como objetivo o mapeamento dos padrões de expressão de milhares de gens do sistema nervoso central (SNC) e esta envolvido na criação de uma biblioteca de clones de cromossomos artificiais bacterianos (BAC- “Bacterial Artificial Chromosome”), e na geração de camundongos transgênicos que possuem gens fluorescentes que permitem estudos anatômicos e funcionais.

 

 

 


Resenha

Em uma iniciativa do IFSC, decorreu ontem, dia 19 de agosto, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, pelas 19 horas, uma edição extra, referente ao mês de agosto, do programa ?Ciência às 19 Horas?.

O tema da palestra foi ?A História do Projeto GENSAT: Uma revolução transgênica na ciência do cérebro?, apresentado pela Dra. Terence Duarte, única pesquisadora brasileira presente entre os dez cientistas internacionais que fazem parte do GENSAT, projeto este que se encontra sediado na Rockefeller University, em Nova York (EUA), desempenhando, simultaneamente, a função de supervisora do Centro de Histologia local.

O GENSAT ? cuja sigla significa Gene Expression Nervous System Atlas ? é patrocinado pelo NIH – National Institute of Health (em português, Instituto Nacional de Saúde) dos Estados Unidos e pode ser definido como um grande atlas de genes do sistema nervoso central e na criação de camundongos transgênicos.

Para os leigos, poderá ser difícil a compreensão, mas trata-se, de fato, de uma instituição que estuda a anatomia do sistema nervoso central em camundongos transgênicos, com a finalidade de mapear e diferenciar células que possuem genes diferentes.

Segundo a pesquisadora ?a geração de conhecimento molecular, através deste método, poderá fazer com que os cientistas descubram novos e inovadores caminhos que levem à criação de novos medicamentos que sejam capazes de alcançar, com eficácia, zonas distintas do cérebro humano, atingindo e combatendo, de forma unilateral (sem comprometer outras células), doenças como os males de Parkinson e Alzheimer?.

Daí que o Projeto GENSAT seja extremamente importante no mapeamento dos padrões de expressão de milhares de genes do sistema nervoso central, estando envolvido na criação de uma espécie de ?biblioteca? de clones de cromossomos artificiais bacterianos, na criação de camundongos transgênicos que possuem genes fluorescentes (de cor verde), que permitem aprofundados estudos anatômicos e funcionais.

Tudo isto com o intuito de se colherem mais e melhores informações sobre a distribuição específica dos genes e proteínas, bem com a identificação, visualização e manipulação genética dos diversos tipos celulares: o objetivo é adquirir um maior conhecimento dos mecanismos moleculares que contribuem para a formação, funcionamento e disfunções do cérebro (neste último caso e dentre outras, as doenças já citadas – males de Parkinson e Alzheimer).

Rui Correia Sintra – Jornalista

A história do projeto GENSAT: uma revolução transgênica na ciência do cérebro
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A história do projeto GENSAT: uma revolução transgênica na ciência do cérebro

12 de março de 2018

Energia Eólica, perspectivas políticas e técnicas

A palestra irá obordar a atual matriz de geração de energia elétrica, a perpectiva de crescimento da demanada, o impacto da mudança de paradigma do transporte terrestre (carros elétricos).

Após a visão geral da atual geração e consumo, serão mostrados as vantagens e desvantagens da energia eólica, mostrando a atual tecnologia, e as novas tecnologias promissoras. Além dos aspectos tecnológicos, seram abordados os aspctos polícos, ecológicos, e sociais da energia eólica no Brasil.

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Resenha

Prof. Dr. James Rojas Waterhouse

Decorreu ontem, dia 17 de agosto, pelas 19 horas, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC), mais uma palestra inserida na iniciativa denominada “Ciência às 19 Horas”, um programa que está completando, neste mês de agosto, seis anos de existência.

As tradicionais fontes de energia, em contraste com as novas fontes de energia renovável e as mudanças dos paradigmas no mundo, em especial no Brasil, deram a tônica para que o palestrante, Prof. Dr. James Rojas Waterhouse, docente e pesquisador da Escola de Engenharia de São Carlos – Departamento de Engenharia de Materiais, Aeronáutica e Automobilística, entrasse no tema principal da sua abordagem “Energia Eólica: perspectivas políticas e técnicas”, perante um grandioso número de público.

Antes, porém, coube ao Prof. Dr. Eduardo Ernesto Castellano fazer a apresentação do palestrante, tendo enaltecido o seu perfil acadêmico e, principalmente, a sua postura autodidata e de empenho em prol da ciência nacional. De forma sucinta, o Prof. Castellano deu a conhecer a todos os presentes as qualidades acadêmicas e científicas do palestrante convidado, com especial destaque para o fato de James Waterhouse ser o autor de uma pesquisa inédita que abre portas para a conversão, para álcool, dos motores de avião, viabilização esta que, segundo Waterhouse “só depende de vontade política para se concretizar”.

Em entrevista à Assessoria de Comunicação do IFSC, o Prof. James Waterhouse enfatizou o fato da energia eólica ter explodido de repente em todo o mundo, graças ao simples fato de se ter descoberto que é a primeira fonte de energia renovável com um custo baixo, tendo dado o exemplo da Europa, onde virou uma febre: “De fato, é impressionante verificar o que está sendo feito na Europa, em termos da implantação da energia eólica. De repente, todo o mundo descobriu as vantagens desta fonte de energia renovável, a tal ponto do velho continente já começar a se debater com falta de espaço para implantar as estruturas captadoras de energia (mais conhecidas como ‘moinhos’).”

Contudo, não é só a Europa que vive o furor da energia eólica. Na Ásia, em especial na China, que é o maior fabricante de geradores eólicos do mundo, são instalados todos os meses, em seu território, entre quinhentos e mil geradores, uma demanda que tem impossibilitado (pelo menos até agora) que aquele país comece a exportar componentes.

“Com a falta de espaço para a implantação de mais geradores eólicos em terra e com o intuito de amenizar alguns problemas relacionados com o funcionamento daquelas infraestruturas – principalmente devido ao ruído e à poluição visual que provocam – os países mais desenvolvidos começaram agora a olhar para o mar como uma opção bastante viável e mais eficaz. Assim, o ruído deixará de ser um problema, o impacto visual deixará de ter importância, a predominância de ventos será mais constante do que em terra, embora a instalação de cabeamento e das fundações marítimas possam dificultar um pouco a implantação das estruturas, encarecendo-a. Mesmo assim, o preço não será muito elevado, tendo em consideração o conjunto de benefícios para a sociedade” – explicou James Waterhouse.

Se a febre da energia eólica invade Europa, Ásia e Estados Unidos, o panorama na América do Sul desenha-se tímido, principalmente devido a indecisões políticas na área de energia, embora seja do conhecimento público os benefícios trazidos por essa energia limpa e renovável. Por exemplo, cada gerador de energia eólica distribui, em média, cerca de 2 Mw: considerando que cada pessoa consome, em média, perto de 70 W, só um gerador eólico poderá distribuir energia para cerca de 30 mil pessoas.

Para James Waterhouse “embora a energia eólica seja mais barata do que a energia solar, esta última é, de fato, a energia do futuro. Por outro lado, a energia solar é mais falível, pois nem sempre tem sol… e vento tem sempre, por muito pouco que seja”.

Além da energia eólica, a palestra do Prof. James Waterhouse debateu também a atual matriz energética do Brasil e o equívoco que o país comete em temas relacionados com o álcool, biomassa e o lixo: “(…) neste capítulo, estamos comendo a casca e jogando fora a banana. O álcool é apenas um subproduto e queimamos a cana, que é uma fonte de energia importantíssima, ao contrário de recolher e de a transformar em gás. Jogamos fora (queimamos) a energia que devíamos aproveitar e poluímos de forma drástica a atmosfera. Ninguém vê que a biomassa, no Brasil, tem tendência a crescer e que, com isso, o país poderia resolver o seu problema energético. Por outro lado, temos outra fonte de energia importante, que igualmente jogamos fora: o lixo. A Inglaterra e outros países já aproveitam o lixo como fonte de energia. Abandonaram completamente a idéia de construir aterros sanitários e o Brasil deveria seguir o exemplo. Em vez de ser recolhido e enterrado, o lixo deve ser queimado e transformado em gás. De forma muito tímida, só agora é que alguns núcleos da nossa sociedade se dão conta que têm um tesouro energético e ambientalmente correto nas mãos e que estão jogando ele fora diariamente (…)”  acrescentou o palestrante.

James Waterhouse defendeu também que o Brasil aposte, num futuro próximo, em energia solar, especialmente para o aquecimento de água, aproveitando a sua condição de país tropical, tendo estimado que em 2012 a procura por esse tipo de energia, no mundo, atinja o auge.

Finalmente, outro dos pontos abordados pelo palestrante foi a introdução do carro elétrico no cotidiano da sociedade, como está acontecendo atualmente na Inglaterra: “A introdução do carro elétrico no cotidiano da sociedade está sendo um terrível erro. Só na Inglaterra prevê-se que nos próximos 10 anos sejam construídos e vendidos perto de 10 milhões de carros elétricos. Então, sabendo-se já que uma recarga lenta para um desses veículos consome diariamente 6Kw por 8 horas, ou, como opção, 50 Kw em sistema de carga rápida, eu pergunto: onde se irá buscar a fonte de energia para essas recargas e como é que se vai pagar? Os cidadãos terão dinheiro para isso? Temos que encontrar outras fontes e formas de energia”.

Rui Correia Sintra – Jornalista

Energia Eólica, perspectivas políticas e técnicas
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Energia Eólica, perspectivas políticas e técnicas

12 de março de 2018

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Por que determinadas crianças apresentam dificuldade em prestar atenção?

Por que outras não conseguem reter os conhecimantos, ou ainda, por que outras não conseguem se organizar nos estudos?

Nesta palestra abordaremos estas e outras perguntas sobre um tema cada vez mais frequente e presente em nosso dia-a-dia, o chamado Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

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Resenha

Prof. Dr. Marco Antonio Arruda

Em mais uma edição do programa “Ciência às 19 Horas”, realizado no último dia 17, o Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas foi pequeno para receber as centenas de participantes da palestra intitulada “TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, ministrada pelo Prof. Dr. Marco Antônio Arruda, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e Diretor do Instituto GLIA.

De fato, este foi um tema que desencadeou um enorme interesse na sociedade são-carlense, principalmente nas áreas da saúde e educação públicas, sendo o evento resultado de uma parceria entre o IFSC e a Prefeitura de São Carlos.

Perante um público atento, que lotou não só o Auditório como outra sala que foi disponibilizada com telão, o Prof. Marco Arruda explicou que o TDAH é um transtorno com origem genética (neurobiológico), resultado de alterações químicas cerebrais que provocam um mau funcionamento de determinadas áreas do cérebro e, conseqüentemente, em alterações comportamentais nas crianças.

Dessa forma, ficam comprometidas, entre outras, a atenção e o controle de comportamental das crianças, que, se não forem tratadas, terão conseqüências graves quando atingirem o estado adulto.

O pesquisador explicou de uma forma simples e ilustrativa: “Os cérebros das crianças com TDAH assemelham-se a um carro sem breque: não param quietas, são incapazes de planejar ações antes de executá-las, têm comportamentos inadequados, não prestam atenção, falam muito, começam a andar precocemente, e têm uma impulsividade acentuada que aumenta os riscos de acidentes domésticos, de fraturas, daí que os pais ficam quase sempre reféns delas”.

No capítulo do déficit de atenção, o Prof. Arruda enfatizou os enormes prejuízos na vida acadêmica, principalmente a não progressão na escola, fatores estes que levam os pais a ficarem sempre muito atentos aos comportamentos de seus filhos, já que uma criança pode ser agitada mas não ter TDAH, e apenas um médico especialista pode diagnosticar clinicamente o transtorno.

“Entre 4% a 6% da população infantil mundial sofre de TDAH. Quando não tratada, uma criança com TDAH pode atingir a sua adolescência com propensão para o uso de drogas, gravidez precoce, ou alcoolismo, carregando essas conseqüências pela vida fora. A TDAH tem cura e é preciso que isso seja dito”, referiu o pesquisador.

Rui Correia Sintra – jornalista

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
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Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

12 de março de 2018

Do Big Bang ao Universo Eterno

Depois de um pequeno resumo da evolução da Cosmologia nas últimas décadas vamos nos deter na questão fundamental da origem do universo. Isto é, analisaremos as respostas dos cientistas à questão: o universo teve um começo em um tempo finito em nosso passado ou ele é eterno?
No cenário big bang, o universo teve um começo ?explosivo? há uns poucos bilhões de anos. Neste modelo as causas dessa explosão estariam fora da descrição da ciência: esta origem não teria uma explicação racional.
No caso do Universo Eterno ele teria passado por uma fase colapsante anterior — onde o volume total do espaço diminuiu com o tempo — atingiu um volume mínimo e desde então iniciado a atual fase de expansão. Neste caso, o big bang nada mais seria do que um momento de transição da fase colapsante à atual fase de expansão.

 

 

 

 


Resenha

Prof. Dr. Mario Novello

“Do Big Bang ao Universo Eterno” foi o título da palestra realizada no dia 22 de junho, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, ministrada pelo Prof. Dr. Mário Novello, do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA/CBPF/MCT), em mais uma edição do programa “Ciência às 19 Horas”.

Em sua fala, o Prof. Mário Novello mostrou uma grande preocupação com a forma como iria falar para um auditório que apresentava uma percentagem elevada de público não acadêmico: “A Cosmologia é um tema complicado, abrangente e polêmico em determinados parâmetros”, argumentou o cientista, manifestando, em simultâneo, seu contentamento por regressar à USP de São Carlos vinte anos após sua última visita.

A palestra começou como todos esperavam, ou seja, com algumas perguntas: o universo começou – ou não – com uma “explosão” há alguns bilhões de anos atrás? Assim, teve o universo um começo em um tempo “finito” no passado, ou ele é eterno? O Big Bang foi o começo de tudo? “Não!” foi a resposta categórica do pesquisador, referindo que o universo foi extremamente condensado no passado e que ele tem aumentado aceleradamente. Para dar um exemplo prático, o Prof. Novello comparou o universo a uma bola de soprar, em cuja superfície são pintados pequenos pontos. Ao soprar a bola, verifica-se que os pontos se afastam cada vez mais entre si. “É exatamente isso que está acontecendo com o universo”, explicou o cientistam “as galáxias estão se afastando umas das outras e isso está comprovado cientificamente através de inúmeras observações”.

Segundo o palestrante, a cosmologia é constituída por espaço, tempo, matéria e energia, sendo que a partir de 1960 surgiram várias idéias e teses que deram forma ao famoso “Big Bang”, ou seja, a possível existência de um cenário matemático de singularidade, uma singularidade primordial – a tal explosão -, a idéia do “Big Bang”.

Então, houve uma explosão no meio do universo? “Claro que não! … primeiro porque o universo não tem um centro, bem como nenhum corpo do universo indica o ‘meio’; isso não existe. As condições pelas quais o universo está em expansão acelerada, contrariam a tal idéia do ‘Big Bang’, e a comunidade dos físicos aceitou essa idéia graças a um teorema, mas mais tarde descobriram que esse mesmo teorema não se aplica ao nosso universo. Não houve nenhum ‘Big Bang’, nem isso foi o início do mundo. Agora, se havia nesse período um universo condensado, aí eu concordo”, sublinhou o Prof. Novello.

Resumidamente, no caso do Universo Eterno, ele teria passado por uma fase colapsante anterior – onde o volume total do espaço diminuiu com o tempo – atingiu um volume mínimo e desde então iniciado a atual fase de expansão. Assim, o “Big Bang” não é mais do que um momento de transição da fase colapsante à atual fase de expansão.Embora o tema seja complexo, o certo é que o Prof. Mário Novello conseguiu fazer passar para a platéia muitas das suas idéias, concepções, dúvidas e cepticismos, ao abordar temas paralelos – buracos negros, viagens no tempo, relação espaço/tempo, a fraqueza do campo gravitacional da terra, etc.

Certo é que esta palestra foi curta para tanta coisa que ficou por falar e explicar… com a controvérsia pelo meio.

Rui Correia Sintra – Jornalista

Do Big Bang ao Universo Eterno
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Do Big Bang ao Universo Eterno

12 de março de 2018

A Epidemia de Obesidade e Diabetes: aspectos moleculares e evolucionistas

Nos últimos 20 anos, no Brasil e na maioria dos países desenvolvidos houve um aumento marcante na prevalência da obesidade.

Esse problema foi inicialmente evidente em adultos, e em seguida em adolescentes e crianças. A obesidade e freqüentemente acompanhada de co-morbidades que incluem o diabetes mellitus, a hipertensão arterial e as doenças vasculares. Os diabetes que acompanha a obesidade é classificado como tipo 2, e além da obesidade, que é predominantemente ambiental, há também um componente genético para que essa forma de diabetes se instale. A obesidade e o diabetes parecem refletir uma mudançanos padrões de alimentação, em indivíduos que apresentam genes que ao longo de milênios de evolução foram selecionados para armazenar energia, em épocas primitivas ou pré-agricultura, onde provavelmente havia períodos de restrição alimentar. Entretanto, alimentação caloricamente concentrada, excesso de gordura na dieta e inatividade física dos dias atuais, interagem com esses genes que eram úteis em épocas de fome prolongada, e acabam induzindo a obesidade e o diabetes. Essas doenças têm tratamento adequado hoje, mas o ideal é que se faça prevenção com mudanças de hábitos alimentares e atividade física regular.

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Resenha

Prof. Dr. Mário José Abdallah Saad

Em mais uma edição do programa “Ciência às 19 horas”, promovido pelo IFSC, decorreu no dia 18 de Maio, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, neste Instituto, mais uma conferência, desta vez abordando um tema de extrema importância para a população em geral “A Epidemia de Obesidade e Diabetes: aspectos moleculares e evolucionistas”, conduzida pelo Prof. Dr. Mário José Abdallah Saad, docente e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Clínica Médica da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas.

Mais do que uma conferência, o evento constituiu um alerta à população sobre uma das doenças consideradas ocidentais, cujos riscos assumem índices muito mais elevados do que à primeira vista se pode imaginar.

Mesmo antes da sua alocução e em conversa informal mantida com o palestrante, o Prof. Saad foi categórico: “A obesidade e, por conseqüência, os diabetes, são de fato epidemias do mundo moderno e não há qualquer contradição nisso. O método mais eficaz para combater tanto uma como outra é a prevenção. A obesidade, para além de provocar os diabetes, é responsável por inúmeras doenças cardiovasculares, hipertensão e mesmo algumas formas de câncer. Daí que seja necessário que a população se conscientize que apenas deve comer apenas o necessário e mudar radicalmente o seu estilo de vida. No que diz respeito aos diabetes, repare que na década de 1990 a doença aparecia com freqüência em população com idade superior a 40 anos: hoje, passados cerca de vinte anos, não existe uma faixa etária específica para que a doença apareça. Isso é preocupante”.

Na sua palestra, o Prof. Saad divulgou uma espécie de “barômetro da obesidade”, que mais não é do que a fórmula para medir (se assim podemos dizer) o IMC – Índice de Massa Corporal, detectando os níveis de obesidade, quadro esse que é extremamente útil para o cidadão comum.

IMC =   Peso do indivíduo (Kg) / Altura do indivíduo ao quadrado (m)

Desta forma:

  • Obesidade Normal = entre 18,5 e 25;
  • Obesidade Classe I (Média) = entre 30 e 34,9;
  • Obesidade Classe II (Grave) = entre 35 e 39,9;
  • Obesidade Classe III (Muito Grave) = igual ou mais de 40;

Na sua apresentação, o Prof. Saad chamou particular atenção para as complicações que a obesidade provoca: diabetes, hipertensão arterial, infertilidade, doenças degenerativas ósseas, apnéia obstrutiva do sono, refluxo e queimação gástrica, câncer de mama e algumas formas de câncer nos rins, hepatite não alcoólica (com risco de aparecimento de câncer no fígado). Por outro lado, o palestrante enumerou, ainda, outras causas provocadas pela obesidade, tendo listado, entre elas, a Doença de Cushing. Hipotiroidismo, o efeito de certas medicações antipsicóticas e antidepressivas.

Contudo, a ênfase da apresentação do Prof. Saad, sobre a obesidade, recaiu no aparecimento do diabetes que, por si só, poderá originar complicações como doenças coronarianas, AVC, doenças articulares periféricas, problemas na retina, problemas renais graves, dificuldade na cicatrização de feridas, etc.

Em forma de recomendação e de alerta, o palestrante sublinhou “Reparem como nossos ancestrais não eram obesos: por quê? Porque, como se dedicavam à caça, faziam exercícios físicos diários, caminhando dezenas de quilômetros por dia, enquanto que apenas comiam uma vez ao dia. Este é o exemplo que devemos seguir no Século XXI: comer pouco e fazer exercício”.

O Prof. Mário José Abdallah Saad, para além de docente e pesquisador na UNICAMP, com doutorado em Clínica Médica pela USP – Universidade de São Paulo, em 1988, é médico especialista em Endocrinologia, atuando principalmente nos temas: insulina, insulin, insulinica, glucose e insulinico.

(Rui Sintra – Jornalista)

A Epidemia de Obesidade e Diabetes: aspectos moleculares e evolucionistas
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A Epidemia de Obesidade e Diabetes: aspectos moleculares e evolucionistas

12 de março de 2018

O conceito de entropia e a seta do tempo dos processos naturais

O conceito de entropia foi introduzido por Clausius, na segunda metade do século XlX, a fim de conciliar a teoria de Carnot sobre o funcionamento das máquinas térmicas com as propostas de Joule sobre a equivalência entre calor e energia mecânica. As leis da termodinâmica-conservação da energia e aumento da entropia – foram adquirindo enorme generalidade, transpuseram as revoluções da física do século XX, e fornecem os critérios essenciais para a ocorrência de todos os processos naturais. Através de referências históricas e exemplos simples, vamos rever o conceito termodinâmico de entropia e algumas conseqüências históricas de entropia e algumas conseqüências da sua interpretação estatística.

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Resenha

Prof. Dr. Silvio R. A. Salinas

O Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC) lotou no dia 27 de abril, por ocasião de mais um programa inserido na iniciativa denominada “Ciência às 19 horas”, tendo desta vez como palestrante convidado o Prof. Dr. Silvio Salinas, do Instituto de Física da USP, São Paulo, que abordou o tema “O Conceito da entropia e a seta do tempo dos processos naturais”.

Esta foi a 50ª palestra do “Ciência às 19 horas”, um programa instituído pelo IFSC e que é aberto a toda a comunidade da cidade de São Carlos

Tendo como tema inicial que o conceito de entropia foi introduzido pelo físico e matemático alemão Rudolf Clausius (1822-1888), considerado um dos fundadores da termodinâmica, o Prof. Silvio Salinas não teve qualquer dificuldade em cativar a atenção do numeroso público presente, principalmente graças á sua facilidade e afabilidade na comunicação, simplicidade de expressão e de clarividência, tendo transportado todo o auditório em uma viagem histórica no tempo, com conceitos científicos esboçados como paisagens ao longo de toda a sua dissertação.

Começando por afirmar que o mundo é governado pelas leis termodinâmicas e pelo conceito da entropia, que mais não é do que a interpretação de fenômenos normais que nos rodeiam (força motora de processos naturais (reações químicas, transições de fases, etc.), o orador iniciou essa “viagem” em 1865, quando o físico e matemático alemão Rudolf Clausius inventou a definição de entropia.

Tal qual uma conversa de amigos, onde a física aparece de uma forma natural, Silvio Salinas fez fluir o seu tema para a área de calorimetria e para as máquinas térmicas, tendo dado ênfase á primeira Revolução Industrial na Europa e aos trabalhos e estudos desenvolvidos por William Thomson (Lord Kelvin) e Rudolf Clausius, e da transformação do calor em forma de energia.

Mais adiante, Silvio Salinas focou o seu discurso nos estudos e obra do físico austríaco Ludwig Boltzmann (1844-1906), individualidade famosa pelo seu trabalho efetuado na área da termodinâmica estatística e considerado, junto com Josiah Gibbs e James Maxwell, um dos criadores da mecânica estatística, tendo finalizado a sua apresentação exemplificando os modelos introduzidos por Paul Ehrenfest (1907) – primeiro aluno de Boltzmann -, reforçados mais tarde com trabalhos de sua esposa Tatiana Ehrenfest (1911).

A particularidade interessante no colóquio do Prof. Salinas foi a habilidade que o orador teve em prender o auditório em torno de uma história singular, onde a ciência – neste caso, a física – apareceu quase sem ser notada, mas transmitida de uma forma sutil e esclarecedora.

Indubitavelmente, essa verdadeira “aula” foi ao encontro daquilo que é intenção da própria iniciativa “Ciências às 19 horas”: promover encontros, palestras e colóquios que não sejam apenas direcionados aos alunos do IFSC, mas que também atraiam a sociedade sãocarlense, no seu todo, como forma de expandir conhecimentos.

O Prof. Silvio Salinas é Engenheiro Elétrico e Bacharel em Física pela Universidade de São Paulo, em 1966, Doutor em Física pela Carnegie-Mellon University, Pittsburgh, USA, em 1973 e Professor Titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, tendo sido Diretor entre 1998 e 2001. É Pesquisador Sênior do CNPq e Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências.

(Rui Sintra, jornalista)

O conceito de entropia e a seta do tempo dos processos naturais
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O conceito de entropia e a seta do tempo dos processos naturais

12 de março de 2018

Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Comemora-se os 25 anos de criação do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) em Março de 2010.

Na ocasião aproveita-se para discutir a história , os caminhos e descaminhos do desenvolvimento socioeconômico do Brasil frente aos grandes desafios da globalização no séc. XXI. O papel do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação emerge como fundamental para todos os problemas avassaladores de nossa sociedade heterogênea, assimétrica e com altos índices de violência, corrupção e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), Soluções para os grandes desafios do séc. XXI: fome, saúde, energia, água, mudanças climáticas, explosão demográfica, convergem lodos para fatores ligados ao sistema de ciência, tecnologia e inovação se conjugado virtuosamente ao desenvolvimento cultural e humanístico .Essa denominada Terceira Cultura (segundo C.P.Snow) é então discutida como fecho filosófico e histórico da palestra, num viés de esperanças e realidades.

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Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
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Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

9 de março de 2018

Pinças Ópticas: manipulando células vivas com pinças de luz laser

Uma pinça ótica é um instrumento inventado pelo físico Arthur Ashkin, que teve e continua tendo um impacto muito grande na biologia. Empregando um microscópio e um feixe fortemente focalizado de luz laser, ela funciona como uma pinça de luz, que permite interagir com uma célula viva sem danificá-la, exercendo forças e medindo deslocamentos em processos biológicos, até mesmo ao nível de moléculas únicas.

Ela permitiu visualizar em detalhes o processo da contração muscular, o transporte de organelas dentro das células, a transcrição do DNA, e inúmeros outros processos fundamentais.

Será explicado como funciona uma pinça ótica e serão descritas pesquisas em andamento no Laboratório de Pinças Ópticas da UFRJ.

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Pinças Ópticas: manipulando células vivas com pinças de luz laser
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Pinças Ópticas: manipulando células vivas com pinças de luz laser

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