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16 de março de 2018

Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer

“Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer”

“Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer” foi o tema abordado em mais uma edição do programa “Ciência às 19 Horas”, organizado pelo IFSC/USP, e que ocorreu no último dia 25 de Abril, no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas”, com a participação da Dra. Anamaria A. Camargo (PhD), Coordenadora do Centro de Oncologia Molecular do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Hospital Sírio-Libanês (SP).

Em sua apresentação, Anamaria Camargo abordou o fato de o Câncer ser, de fato, um nome usado para definir mais de 100 doenças distintas, que tem em comum o crescimento descontrolado das células de um determinado tecido, situação que afeta os tecidos adjacentes e distantes formando as metástases.

Recordamos que o câncer é a segunda principal causa de morte no mundo e foi responsável por 8.8 milhões de mortes em 2015.

Um pouco antes de sua apresentação, Anamaria Camargo conversou com a Assessoria de Comunicação do IFSC/USP e fez uma espécie de resumo do tema que se mantém, infelizmente, atual.

Para assistir a essa pequena entrevista, clique na imagem abaixo:

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(Rui Sintra – jornalista)

16 de março de 2018

Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama

Ela é a segunda neoplasia mais frequente em termos mundiais. Estamos falando do câncer de mama, um tema que foi destaque da edição do dia 18 de março de 2014 do programa “Ciência às 19 Horas” e que atraiu um público majoritariamente feminino. O evento, que decorreu no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), teve como palestrante o Dr. Diocésio Alves Pinto de Andrade, oncologista clínico do InORP – Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (SP), que aproveitou o momento para apresentar o livro recentemente publicado pela GBECAM – Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama, intitulado “Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama”*.

De fato, aquele que é considerado o câncer mais prevalente e teoricamente tranquilo, é o câncer de pele não-melanoma, que apresenta lesões de pele comuns, ou seja, as tradicionais pintas na pele. Já o câncer de mama é a neoplasia mais frequente na mulher, enquanto o câncer de próstata é mais frequente no homem.

Para o Dr. Diocésio de Andrade, a explicação para o principal fator de risco no desenvolvimento do câncer de mama, é tão somente o fato de ser mulher: Convém recordar que o homem também pode ter câncer de mama, embora numa porcentagem muito baixa, mas pode acontecer, principalmente quando existe uma história familiar positiva. O câncer de mama é um câncer que geralmente tem um pico de incidência um pouco alto, que surge entre a quinta e sexta década de vida e, associado a isso, aparece com algumas alterações hormonais – uma alta exposição a estrógeno. Mulheres que têm a primeira menstruação muito cedo, ou têm a última menstruação muito tarde, que nunca engravidaram ou que não amamentaram, são mais propensas a desenvolver o câncer de mama: esse é o grupo de maior risco, sublinha o clínico.

Existe um grupo pequeno de tumores de câncer de mama que tem uma síndrome familiar positiva, que é uma mutação em alguns genes. O câncer de mama tem dois genes principais – e isso foi muito discutido no ano passado, quando a Angelina Jolie fez a mastectomia: nesse caso, foi a mutação dos genes BRCA1 e do BRCA2, que quando estão mutados, aumentam muito o risco do câncer de mama. Para Diocésio de Andrade, o aparecimento de um câncer de mama tem diversos motivos, não se podendo apontar uma única ou principal causa: Hábitos de vida também favorecem o desenvolvimento do câncer de mama, tais como a obesidade e o sedentarismo, embora o etilismo e o tabagismo sejam ainda temas controversos nesta área, pois não existe, por enquanto, uma relação causal entre esses dois vícios, mas os estudos demonstram uma certa probabilidade de eles eventualmente aumentarem o risco de câncer de mama, enfatiza Diocésio.

Quando falamos de câncer, em termos gerais, a forma mais eficaz para combater o mal é através da prevenção e, no câncer de mama, especificamente, existem formas de fazer uma prevenção secundária. E referimos a prevenção secundária, já que a prevenção primária consiste em um tratamento específico para que uma pessoa não desenvolva a doença: O câncer de mama não tem nenhum remédio, nenhuma mágica para o evitar. Prevenção secundária é diagnosticar cedo para você poder tratar bem e aumentar a chance de cura do paciente. Então, qual é a prevenção secundária no câncer de mama? Fazer mamografia, elucida o clínico.

Contudo, segundo o especialista, existem duas correntes: a do Instituto Nacional do Câncer, que fala que a mamografia deve ser feita anualmente, entre os 50 e 69 anos de idade. Trata-se de uma política de saúde pública, então tem custo-benefício de gasto do governo. A outra corrente é a da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Americana de Cancerologia, que sugere que a mulher deverá fazer uma mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. Diocésio de Andrade é a favor desta última corrente, alegando que quanto mais precoce for o exame, melhor, embora não discorde em absoluto da primeira corrente de opinião: Estudos mostram que a partir dos quarenta ou cinquenta anos, a incidência não é tão grande. Então, de forma alguma podemos considerar errado esse estudo do Governo, mas ainda assim prefiro indicar a realização desse exame a partir dos 40 anos de idade. Contudo, fazer uma mamografia antes dessa idade não adianta nada, a não ser que seja uma mulher que tenha um histórico de família com câncer de mama, ou seja, duas gerações consecutivas em que duas pessoas tiveram câncer de mama. Nesses casos, está indicado começar o rastreamento da doença de forma mais precoce, mas o exame não é mais a mamografia, mas o ultrassom de mama. Por quê? Porque a mama da pessoa mais jovem é muito densa e o raio emitido por uma mamografia não consegue diferenciar entre a densidade da mama e de um nódulo e, aí poderá haver um diagnóstico errado, aquilo que chamamos “falso negativo”. Assim, nesses casos, quem vai dar o resultado correto será o ultrassom da mama, explica o médico.

Vamos supor que uma paciente desenvolve um câncer de mama e acaba por falecer devido às consequências dessa doença, e que ela tem filhos homens. O risco de eles terem um câncer em decorrência da doença da mãe é cerca de 1%, portanto, uma hipótese muito remota.

O câncer é uma realidade na vida de qualquer família, sendo difícil não haver alguém que não tenha tido um parente de primeiro grau que não teve algum tipo de câncer. É um problema que tem de se enfrentar, até porque a doença é, atualmente, um problema de saúde pública, sendo a segunda causa de óbito no mundo, só perdendo para as doenças cardiovasculares – infarto e AVC. O câncer é uma doença terrível, porque ela sempre acha um caminho para se multiplicar, ou seja, ela descobre atalhos. Segundo Diocésio de Andrade, nos últimos dez anos os estudos conseguiram diagnosticar várias dessas vias de acesso e, melhor do que isso, conseguiram-se desenvolver vários medicamentos contra essas vias. Só que as vias não são simples: cada mutação obriga a se descobrir um remédio: É uma batalha incessante: o tumor consegue entrar por um caminho, você vai, bloqueia essa via em uma determinada parte, e ele consegue fazer um desvio. Então, você sempre tem que correr atrás do câncer para “fechar as portas” e quando você fecha uma, ele dá a volta no corredor e abre outra porta. É mais ou menos esse comparativo, comenta nosso entrevistado.

Ao contrário do que se possa pensar, o câncer sempre existiu; a diferença é que não havia tecnologia para o diagnosticar. Não havia qualquer método de imagem para diagnosticar um câncer, só que o intenso combate à doença teve um avanço exponencial nos últimos cinco anos: Em vez de falar em cura, eu prefiro muito mais abordar o diagnóstico precoce para aí sim, você poder fazer a cura através da cirurgia, do que demorar a diagnosticar e o câncer já estar espalhado e ficar difícil de curar. A “esperteza” do câncer para burlar todos os bloqueios é muito maior ainda do que o nosso conhecimento, conclui o médico.

*O livro poderá ser adquirido ou pedido na Livraria Saraiva

(Rui Sintra – jornalista)

16 de março de 2018

Dr. Aurélio Julião fala sobre AQUELA DOENÇA: CÂNCER

Em mais uma sessão do programa “Ciência às 19 Horas”, promovido pelo IFSC-USP, realizado no dia 13 de setembro, pelas 19 horas, no Auditório Sérgio Mascarenhas, foi a vez de se abordar um tema delicado e que ainda carrega, atualmente, algum desconforto, só de pronunciar seu nome: Câncer.

Coube ao palestrante, Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro, do INORP – Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto, dissertar sobre “Aquela Doença: Câncer”, onde foram apresentados diversos aspectos relacionados com a doença.

Em entrevista concedida um pouco antes da apresentação de sua palestra, Aurélio Julião referiu que a incidência do câncer está aumentando, em termos gerais, principalmente em tumores onde se consegue estabelecer uma correlação muito evidente entre agressões provenientes do meio-ambiente – incluindo o tabagismo -, como são os casos dos cânceres da boca, laringe, esófago, pâncreas e bexiga, entre outros. Contudo, segundo o clínico, existe algo que ainda não se conseguiu, que é mensurar os efeitos das agressões do meio-ambiente, como a poluição direta – jogar dejetos gasosos, líquidos ou sólidos diretamente na natureza – e a indireta, que encontramos nas cadeias alimentares, tanto vegetais como animais, em virtude da existência de inseticidas e de medicamentos presentes, principalmente na agropecuária. Tudo isso está impactando a incidência do câncer, principalmente nos países (em desenvolvimento) onde o controlo é deficitário, onde sequer existe programas de combate ao tabagismo – afirmou o palestrante.

No mundo aparecem, por ano, cerca de 8 milhões de novos casos de câncer e este número, segundo o palestrante, irá dobrar até 2020, sendo que 70% desse número ocorrerá principalmente na Índia, China e Rússia. Mas, o que é mais importante? Combater o tabagismo ou as agressões ao meio-ambiente?Com efeito, no tabagismo consegue-se mensurar melhor a eficácia das medidas adotadas. Por outro lado, combater as agressões que o homem faz ao meio-ambiente, e que entram nas cadeias alimentares, é mais difícil de quantificar. Além de ser uma questão política, esta última é também uma questão que está relacionada com interesses econômicos muito fortes que se encontram instalados nos países em desenvolvimento. É verdade que durante largas décadas a humanidade tem convivido com “Aquela Doença: Câncer” e a pesquisa não tem conseguido acompanhar a evolução da doença. De fato, consegue-se entender os passos metabólicos que provocam o aparecimento e desenvolvimento do câncer, mas o que não conseguimos é acompanhar a medida de combate aos passos metabólicos da doença, já que o câncer é uma proliferação desordenada de células, resultado de várias alterações a nível cromossômico e genético, que são aleatórias. Quando começamos a bloquear determinados espaços, ficamos impossibilitados de bloquear “todos” os espaços que levam ao desenvolvimento celular – acrescentou o palestrante.

Aurélio Julião confirmou que hoje existem algumas reações designadas de “reações em cascata”, que acontecem dentro das células e consegue-se identificar exatamente onde está o erro da célula quando ela desenvolve um câncer: Conseguimos desenvolver drogas que combatem exatamente aquele ponto específico, mas não conseguimos desenvolver drogas que combatam os “escapes” desse mesmo ponto, Podemos combater um determinado passo metabólico molecular, mas não conseguimos impedir que as outras moléculas se desenvolvam em cascata, sublinha.

O palestrante acredita que, nos próximos vinte anos, o câncer consiga superar, em números, as doenças cardiovasculares, já que, atualmente, uma em cada quatro pessoas, no mundo, irá morrer de câncer, principalmente nos países em desenvolvimento. Segundo ele, é curioso observar que o câncer está regredindo nos países desenvolvidos. Por quê? Porque existe uma maior eficácia nas medidas públicas de combate à doença e de combate à poluição, incluindo o tabagismo; existe uma maior eficácia no tratamento dos pacientes e um aumento significativo na qualidade dos hospitais e na competência de todo o pessoal médico, paramédico, de enfermagem e auxiliar.

Quando questionado se a luta contra o câncer passa, necessariamente, pela prevenção, Aurélio Julião respondeu que existem tumores malignos que se conseguem prevenir e outros não. Nós não conseguimos prevenir um linfoma ou um tumor cerebral, mas conseguimos evitar, por exemplo, um tumor pulmonar: como? Controlando o tabagismo e a poluição atmosférica. Podemos prevenir o câncer de pele através de uma menor exposição ao sol ou a aplicação de filtros solares. Podemos prevenir o câncer do colo uterino, fazendo com que as meninas se vacinem contra o HPV. Esses cânceres conseguimos prevenir… Os outros, não. Então, o cenário que enxergo para as próximas décadas é que o câncer vai continuar existindo e afetando as populações; mas ele vai chegar a um ponto em que se transformará em doença crônica, que nem a diabetes ou a hipertensão. Ele chegará a um estágio em que deixará de ser abordado e tratado como uma ameaça mortal, passando a ser visto como algo que o paciente terá que conviver até ao final de seus dias, pontua o médico.

Erradamente, muita gente pensa que o câncer é uma doença que apareceu no Século XX. Sobre essa argumentação, os relatos são extremos. Na verdade, quanto mais a população mundial foi adquirindo mais tempo de vida, mais se deu a oportunidade para que o câncer se desenvolvesse e aparecesse. Na época dos Faraós (só para dar um exemplo), qual era a expetativa de vida? Apenas trinta e cinco ou quarenta anos, uma margem de tempo que não dava para que o câncer aparecesse. Por exemplo, hoje, no Sudeste do Brasil, qual é a perspectiva de vida? Setenta e cinco anos. Claro que é uma margem de tempo que dá para a doença aparecer. Mas, como é que pode aparecer um câncer? Uma pessoa entre os zero e os setenta anos desenvolve, normalmente, 6 ou 7 cânceres no seu organismo e o seu sistema imunológico consegue bloquear todos eles. Em algumas pessoas, seu sistema imunológico não consegue bloquear todos eles e aí surge o tal “escape” que eu falei, traduzido em um tipo de câncer. Pode ter aparecido por um defeito inerente ao sistema imunológico dessa pessoa, que simplesmente falhou, ou pode ser resultado de uma interação com o meio ambiente, em que o sistema deixou “abrir uma porta” e a doença entrou. É complexo…, desabafa nosso entrevistado.

Confrontado com a pergunta se o estado psíquico de uma pessoa poderá desencadear o aparecimento da doença, Aurélio Julião foi categórico em afirmar que não acredita que estados psíquicos ou psicológicos desencadeiem alguma forma de câncer. O que acredito é que um estado de espírito positivo ajude enormemente a encarar essa doença cruel, a tolerar melhor o tratamento. Pessoas com esse estado de espírito conseguem ter uma melhor qualidade de vida durante o tempo em que combatem a doença, finaliza.

Rui Sintra – Jornalista

16 de março de 2018

Prof. José Fernando Perez enfatiza: Câncer é um problema de saúde pública e de balança comercial

Decorreu no final da tarde do dia 25 de novembro, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), mais uma edição do programa intitulado “Ciência às 19 Horas”, subordinado ao tema Inovação Semi-Aberta: o caso da Recepta-Biopharma, tendo como palestrante o Prof. José Fernando Perez, Diretor-Presidente da empresa de biotecnologia Recepta-Biopharma, empresa que se dedica a pesquisa, desenvolvimento e testes clínicos relacionados com o tratamento do câncer. O Prof. Perez foi, igualmente, ex-diretor científico da FAPESP, no período 1993/2005.

A palestra versou sobre o modelo inovador em que a empresa se baseia, no sentido de otimizar o aproveitamento da excelência científica e tecnológica do País, para buscar parcerias com universidades, institutos de pesquisa e hospitais.

Com a colaboração de cientistas de comprovada competência e experiência internacional, a empresa prossegue o seu objetivo de fazer inovação tecnológica em biotecnologia, de forma a responder às necessidades da sociedade e do mercado nacional, traduzindo suas ações em medicamentos eficientes e em tratamentos mais baratos contra o câncer.

Para o Prof. Perez, o câncer é um problema crescente no mundo inteiro, constituindo a segunda causa de morte no Brasil e a primeira nos Estados Unidos, sendo que o número de casos no Brasil poderá igualar o dos EUA. O câncer é uma doença cuja incidência aumentou com a longevidade da população. Hoje, todo o mundo cuida do colesterol, da hipertensão ou dos diabetes e essas medidas preventivas aumentam o tempo de vida das pessoas. Inexoravelmente, o câncer acaba ocupando o seu lugar graças a esse aumento de expectativa de vida das populações: O tratamento do câncer é um problema de saúde pública, é um problema de balança comercial e é, por isso mesmo, um desafio muito grande para a humanidade – referiu nosso entrevistado.

O Prof. Perez comentou que, atualmente, a melhor perspectiva que existe para o tratamento do câncer é a detecção precoce e, depois disso, a existência de várias formas de medicamentos que tratam diversas formas de tumor: (…) mas estamos longe de ter uma resposta satisfatória para um tratamento eficaz. Ainda não enxergamos uma luz no fundo do túnel – enfatizou.

Por outro lado, uma opção terapêutica importante contra o câncer é dada através dos designados anticorpos monoclonais (área em que a empresa Recepta-Biopharma se dedica), que são, sucintamente, moléculas biológicas que têm a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores, e estimular uma ação do sistema imunológico, apenas direcionadas a células tumorais. Esses anticorpos monoclonais estão sendo reconhecidos como uma opção terapêutica promissora para pacientes com determinado tipo de câncer. Existem apenas dez anticorpos monoclonais no mercado mundial, com resultados muito interessantes, por exemplo, com um medicamento para o tratamento do tumor da mama, mas somente 23% dos pacientes são tratáveis por essa droga, sendo que cerca de 20% desse total responde ao tratamento, o que significa dizer que ainda existe um grande universo completamente desprotegido.

Segundo o palestrante, no tratamento do câncer, a idéia é controlar e prevenir as metástases, já que o tumor é retirado cirurgicamente, e não é por causa dos tumores que os pacientes morrem, mas sim devido às metástases. Assim sendo, os anticorpos monoclonais aparecem como uma opção terapêutica que tem a capacidade de identificar as metástases, já que elas têm a mesma impressão digital que o tumor original: Mesmo assim, é desafio muito grande e creio que ainda estamos muito longe de ter uma resposta que possa tranqüilizar a sociedade –  acrescentou o Prof. Perez.

A empresa Recepta-Biopharma está tentando contribuir para gerar mais esperança para o combate a alguns tipos de tumor. Neste momento, segundo o Prof. Perez, tenta-se testar anticorpos dedicados ao combate do tumor do ovário, que é bastante agressivo. Contudo, o Presidente da “Recepta-Biopharma” volta a enfatizar que (…) o câncer é uma questão de saúde pública e uma questão de balança comercial. O tratamento com um anticorpo monoclonal custa a um paciente cerca de R$ 8.000,00 a cada três semanas e, se o paciente responder positivamente ao tratamento, continuará fazendo o mesmo por tempo indeterminado. Isso é um problema sério, que precisa ser equacionado – rematou Perez.

Rui Correia Sintra – Jornalista

14 de março de 2018

Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer

Câncer é um nome usado para definir mais de 100 doenças distintas, que tem em comum o crescimento descontrolado das células de um determinado tecido. Esse crescimento descontrolado afeta os tecidos adjacentes e distantes formando as metástases. O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo e foi responsável por 8.8 milhões de mortes em 2015.

O câncer é causado por alterações que ocorrem no material genético das células e que são capazes de reprogramar as células normais e transformá-las em células tumorais. O sequenciamento do genoma humano e o desenvolvimento de novas metodologias de análise do material genético permitiram aos cientistas identificar essas alterações e, com isso, compreender os diferentes passos dessa transformação.

O conhecimento acumulado ao longo da últimas 4 décadas começa a ser utilizado em benefício dos pacientes com câncer, permitindo um diagnóstico mais precoce, um melhor acompanhamento da doença e o desenvolvimento da medicina personalizada na oncologia, na qual é possível selecionar o tratamento mais eficaz com base nas informações genéticas do tumor. Nesta palestra, vamos falar um pouco sobre as bases genéticas do câncer, sobre o processo de transformação celular e sobre como a medicina personalizada tem sido utilizada para mudar a história de alguns tipos de câncer.


Resenha

Anamaria A. Camargo (PhD)

Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer foi o tema abordado em mais uma edição do programa Ciência às 19 Horas, organizado pelo IFSC/USP e que ocorreu no último dia 25 de Abril, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, com a participação da Dra. Anamaria A. Camargo (PhD), Coordenadora do Centro de Oncologia Molecular do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Hospital Sírio-Libanês (SP).

Abordando o tema de forma bem genérica, em diálogo realizado mesmo antes de sua palestra, a pesquisadora sublinhou o fato do câncer ser uma doença genética causada por alterações que herdamos dos nossos pais e também por alterações que são introduzidas ao longo de nossa vida, tanto por ação do ambiente como da própria fisiologia das células.

Essas alterações determinam o comportamento das células tumorais e caracterizar essas alterações tem sido muito importante para a medicina, por ter permitido desenvolver novos métodos de diagnóstico e terapias mais direcionadas contra a doença.

Normalmente, as terapias que se conhecem, nomeadamente, radioterapia e quimioterapia, afetam todas as células normais, que se dividem, e essas novas terapias, ao contrário, vão afetar apenas as células tumorais, provocando menos efeitos colaterais e uma eficácia maior.

Contudo, existe a necessidade de identificar quais são os pacientes que se beneficiam desse novo tratamento e aí aparece o papel extremamente importante trazido pela medicina personalizada, que é identificar qual a melhor droga para o paciente, por forma a ter o melhor resultado. Isso tem sido a história da medicina personalizada, que é uma história recente, mas que já tem tido resultados muito interessantes para alguns tipos de câncer, como o de pulmão, de mama, nas leucemias, e até mesmo no câncer do cólon.

Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer
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Medicina personalizada em Oncologia: a contribuição da genética para o tratamento do câncer

13 de março de 2018

Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama

O câncer de mama é a 2ª neoplasia mais frequente que acomete mulheres em todo mundo (atrás apenas dos tumores de pele não-melanoma). Existem muitas dúvidas a respeito dos fatores de risco, diagnóstico, tratamento, efeitos colaterais e muitos outros temas relacionados.

Com o objetivo de esclarecer parte destas dúvidas, o GBECAM – Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama decidiu realizar um livro de perguntas e respostas, cujo conteúdo é o tema central desta palestra.

 

Download da apresentação

 


Resenha

Dr. Diocésio Alves Pinto de Andrade

Ela é a segunda neoplasia mais frequente em termos mundiais. Estamos falando do câncer de mama, um tema que foi destaque da edição do dia 18 de março de 2014 do programa Ciência às 19 Horas e que atraiu um público majoritariamente feminino. O evento, que decorreu no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), teve como palestrante o Dr. Diocésio Alves Pinto de Andrade, oncologista clínico do InORP, Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (SP), que aproveitou o momento para apresentar o livro recentemente publicado pela GBECAM – Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama, intitulado, Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama*.

De fato, aquele que é considerado o câncer mais prevalente e teoricamente tranquilo, é o câncer de pele não-melanoma, que apresenta lesões de pele comuns, ou seja, as tradicionais pintas na pele. Já o câncer de mama é a neoplasia mais frequente na mulher, enquanto o câncer de próstata é mais frequente no homem.

Para o Dr. Diocésio de Andrade, a explicação para o principal fator de risco no desenvolvimento do câncer de mama, vada mais é do fato de ser mulher: Convém recordar que o homem também pode ter câncer de mama, embora numa porcentagem muito baixa, mas pode acontecer, principalmente quando existe uma história familiar positiva. O câncer de mama é um câncer que geralmente tem um pico de incidência um pouco alto, que surge entre a quinta e sexta década de vida e, associado a isso, aparece com algumas alterações hormonais – uma alta exposição a estrógeno. Mulheres que têm a primeira menstruação muito cedo, ou têm a última menstruação muito tarde, que nunca engravidaram ou que não amamentaram, são mais propensas a desenvolver o câncer de mama: esse é o grupo de maior risco, sublinha o clínico.

Existe um grupo pequeno de tumores de câncer de mama que tem uma síndrome familiar positiva, que é uma mutação em alguns genes. O câncer de mama tem dois genes principais e isso foi muito discutido no ano passado, quando a Angelina Jolie fez a mastectomia: nesse caso, foi a mutação dos genes BRCA1 e do BRCA2, que quando estão mutados, aumentam muito o risco do câncer de mama. Para Diocésio de Andrade, o aparecimento de um câncer de mama tem diversos motivos, não se podendo apontar uma única ou principal causa: Hábitos de vida também favorecem o desenvolvimento do câncer de mama, tais como a obesidade e o sedentarismo, embora o etilismo e o tabagismo sejam ainda temas controversos nesta área, pois não existe, por enquanto, uma relação causal entre esses dois vícios, mas os estudos demonstram uma certa probabilidade de eles eventualmente aumentarem o risco de câncer de mama, enfatiza Diocésio.

Quando falamos de câncer, em termos gerais, a forma mais eficaz para combater o mal é através da prevenção e, no câncer de mama, especificamente, existem formas de fazer uma prevenção secundária. E referimos a prevenção secundária, já que a prevenção primária consiste em um tratamento específico para que uma pessoa não desenvolva a doença: O câncer de mama não tem nenhum remédio, nenhuma mágica para o evitar. Prevenção secundária é diagnosticar cedo para você poder tratar bem e aumentar a chance de cura do paciente. Então, qual é a prevenção secundária no câncer de mama? Fazer mamografia, elucida o clínico.

Contudo, segundo o especialista, existem duas correntes: a do Instituto Nacional do Câncer, que fala que a mamografia deve ser feita anualmente, entre os 50 e 69 anos de idade. Trata-se de uma política de saúde pública, então tem custo-benefício de gasto do governo. A outra corrente é a da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Americana de Cancerologia, que sugere que a mulher deverá fazer uma mamografia anual a partir dos 40 anos de idade. Diocésio de Andrade é a favor desta última corrente, alegando que quanto mais precoce for o exame, melhor, embora não discorde em absoluto da primeira corrente de opinião: Estudos mostram que a partir dos quarenta ou cinquenta anos, a incidência não é tão grande. Então, de forma alguma podemos considerar errado esse estudo do Governo, mas ainda assim prefiro indicar a realização desse exame a partir dos 40 anos de idade. Contudo, fazer uma mamografia antes dessa idade não adianta nada, a não ser que seja uma mulher que tenha um histórico de família com câncer de mama, ou seja, duas gerações consecutivas em que duas pessoas tiveram câncer de mama. Nesses casos, está indicado começar o rastreamento da doença de forma mais precoce, mas o exame não é mais a mamografia, mas o ultrassom de mama. Por quê? Porque a mama da pessoa mais jovem é muito densa e o raio emitido por uma mamografia não consegue diferenciar entre a densidade da mama e de um nódulo e, aí poderá haver um diagnóstico errado, aquilo que chamamos falso negativo. Assim, nesses casos, quem vai dar o resultado correto será o ultrassom da mama, explica o médico.

Vamos supor que uma paciente desenvolve um câncer de mama e acaba por falecer devido às consequências dessa doença, e que ela tem filhos homens. O risco desses homens terem um câncer em decorrência da doença da mãe é cerca de 1%, portanto, uma hipótese muito remota.

O câncer é uma realidade na vida de qualquer família, sendo difícil não haver alguém que não tenha tido um parente de primeiro grau que não teve algum tipo de câncer. É um problema que tem de se enfrentar, até porque a doença é, atualmente, um problema de saúde pública, sendo a segunda causa de óbito no mundo, só perdendo para as doenças cardiovasculares, infarto e AVC. O câncer é uma doença terrível, porque ela sempre acha um caminho para se multiplicar, ou seja, ela descobre atalhos. Segundo Diocésio de Andrade, nos últimos dez anos os estudos conseguiram diagnosticar várias dessas vias de acesso e, melhor do que isso, conseguiram-se desenvolver vários medicamentos contra essas vias. Só que as vias não são simples: cada mutação obriga a se descobrir um remédio: É uma batalha incessante: o tumor consegue entrar por um caminho, você vai, bloqueia essa via em uma determinada parte, e ele consegue fazer um desvio. Então, você sempre tem que correr atrás do câncer para fechar as portas e quando você fecha uma, ele dá a volta no corredor e abre outra porta. É mais ou menos esse comparativo, comenta nosso entrevistado.

Ao contrário do que se possa pensar, o câncer sempre existiu; a diferença é que não havia tecnologia para o diagnosticar. Não havia qualquer método de imagem para diagnosticar um câncer, só que o intenso combate à doença teve um avanço exponencial nos últimos cinco anos: Em vez de falar em cura, eu prefiro muito mais abordar o diagnóstico precoce para aí sim, você poder fazer a cura através da cirurgia, do que demorar a diagnosticar e o câncer já estar espalhado e ficar difícil de curar. A esperteza do câncer para burlar todos os bloqueios é muito maior ainda do que o nosso conhecimento, conclui o médico.

*O livro poderá ser adquirido ou pedido na Livraria Saraiva

(Rui Sintra – jornalista)

Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama
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Tudo o que você sempre quis saber sobre o câncer de mama

12 de março de 2018

Aquela doença: Câncer

Nesta palestra serão apresentados aspectos relacionados a alguns tipos de câncer, principalmente câncer de próstata – o segundo mais comum entre os homens no Brasil -, o câncer de cólon. Também será abordado, de forma genérica, o câncer de mama, segundo mais frequente no mundo. O Dr. Aurelio Julião dissertará sobre alguns aspectos relacionados à prevenção dos tipos de câncer mais comuns, o que é a melhor escolha para lutarmos contra “Aquela doença: o câncer”.

Download da apresentação

Aquela doença: Câncer
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Aquela doença: Câncer

 

 

 


Resenha

Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro

Em mais uma sessão do programa Ciência às 19 Horas, promovido pelo IFSC-USP, realizado no dia 13 de setembro, pelas 19 horas, no Auditório Sérgio Mascarenhas, foi a vez de se abordar um tema delicado e que ainda carrega, atualmente, algum desconforto, só de pronunciar seu nome: Câncer.

Coube ao palestrante, Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro, do INORP – Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto, dissertar sobre Aquela Doença: Câncer, onde foram apresentados diversos aspectos relacionados com a doença.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação IFSC, um pouco antes da apresentação de sua palestra, Aurélio Julião referiu que a incidência do câncer está aumentando, em termos gerais, principalmente em tumores onde se consegue estabelecer uma correlação muito evidente entre agressões provenientes do meio-ambiente, incluindo o tabagismo -, como são os casos dos cânceres da boca, laringe, esófago, pâncreas e bexiga, entre outros. Contudo, segundo o clínico, existe algo que ainda não se conseguiu mensurar:

Não conseguimos mensurar os efeitos das agressões do meio-ambiente, como a poluição direta, jogar dejetos gasosos, líquidos ou sólidos diretamente na natureza, e a indireta, que encontramos nas cadeias alimentares, tanto vegetais como animais, em virtude da existência de inseticidas e de medicamentos presentes, principalmente na agropecuária. Tudo isso está impactando a incidência do câncer, principalmente nos países (em desenvolvimento) onde o controlo é deficitário, onde sequer existe um combate ao tabagismo.

No mundo aparecem, por ano, cerca de 8 milhões de novos casos de câncer e este número, segundo o palestrante, irá dobrar até 2020, sendo que 70% desse número ocorrerá principalmente na Índia, China e Rússia. Mas, o que é mais importante? Combater o tabagismo ou as agressões ao meio-ambiente?

No tabagismo consegue-se mensurar melhor a eficácia das medidas adotadas. Por outro lado, combater as agressões que o homem faz ao meio-ambiente, e que entram nas cadeias alimentares, é mais difícil de quantificar. Além de ser uma questão política, esta última é também uma questão que está relacionada com interesses econômicos muito fortes que estão instalados nos países em desenvolvimento.

É verdade que durante largas décadas a humanidade tem convivido com “Aquela Doença: Câncer” e a pesquisa não tem conseguido acompanhar a evolução da doença. De fato, consegue-se entender os passos metabólicosque provocam o aparecimento e desenvolvimento do câncer, mas o que não conseguimos é acompanhar a medida de combate aos passos metabólicos da doença, já que o câncer é uma proliferação desordenada de células, resultado de várias alterações a nível cromossômico e genético, que são aleatórias.

Quando começamos a bloquear determinados espaços, ficamos impossibilitados de bloquear todos os espaços que levam ao desenvolvimento celular. O Dr. Aurélio Julião confirma que hoje existem algumas reações designadas de reações em cascata, que acontecem dentro das células e consegue-se identificar exatamente onde está o erro da célula quando ela desenvolve um câncer:

Conseguimos desenvolver drogas que combatem exatamente aquele ponto específico, mas não conseguimos desenvolver drogas que combatam os escapes desse mesmo ponto.

Podemos combater um determinado passo metabólico molecular, mas não conseguimos impedir que as outras moléculas se desenvolvam em cascata.

O palestrante acredita que nos próximos vinte anos o câncer consiga superar, em números, as doenças cardiovasculares, já que, atualmente, uma em cada quatro pessoas, no mundo, irá morrer de câncer, principalmente nos países em desenvolvimento: É curioso observar que o câncer está regredindo nos países desenvolvidos.

Por quê? Porque existe uma maior eficácia nas medidas públicas de combate à doença e de combate à poluição, incluindo o tabagismo, existe uma maior eficácia no tratamento dos pacientes e um aumento significativo na qualidade dos hospitais e na competência de todo o pessoal médico, paramédico, de enfermagem e auxiliar.

Quando questionado se a luta contra o câncer passa necessariamente pela prevenção, o Dr. Aurélio Julião respondeu: Existem tumores malignos que conseguimos prevenir e existem tumores malignos que não conseguimos prevenir. Nós não conseguimos prevenir um linfoma ou um tumor cerebral, mas conseguimos evitar, por exemplo, um tumor pulmonar: como?

Controlando o tabagismo e a poluição atmosférica. Podemos prevenir o câncer de pele através de uma menor exposição ao sol ou a aplicação de filtros solares. Podemos prevenir o câncer do colo uterino, fazendo com que as meninas se vacinem contra o HPV. Esses cânceres conseguimos prevenir…

Os outros, não. Então, o cenário que enxergo para as próximas décadas é que o câncer vai continuar existindo e afetando as populações; mas ele vai chegar a um ponto em que se transformará em doença crônica, que nem a diabetes ou a hipertensão. Ele chegará a um estágio em que deixará de ser abordado e tratado como uma ameaça mortal, passando a ser visto como algo que o paciente terá que conviver até ao final de seus dias. Erradamente, muita gente pensa que o câncer é uma doença que apareceu no Século XX. Sobre essa argumentação, os relatos são extremos.

Na verdade, quanto mais a população mundial foi adquirindo mais tempo de vida, mais se deu a oportunidade para que o câncer se desenvolvesse e aparecesse. Na época dos Faraós (só para dar um exemplo), qual era a expetativa de vida? Apenas trinta e cinco ou quarenta anos, uma margem de tempo que não dava para que o câncer aparecesse.

Por exemplo, hoje, no Sudeste do Brasil, qual é a perspectiva de vida? Setenta e cinco anos. Claro que é uma margem de tempo que dá para a doença aparecer. Mas, como é que pode aparecer um câncer?

O Dr. Aurélio Julião explica: Vou tentar explicar de forma simples. Uma pessoa entre os zero e os setenta anos desenvolve, normalmente, 6 ou 7 cânceres no seu organismo e o seu sistema imunitário consegue bloquear todos eles. Em algumas pessoas, o seu sistema imunitário não consegue bloquear todos eles e aí surge o tal “escape” que eu falei acima, traduzido em um tipo de câncer.

Pode ter aparecido por um defeito inerente ao sistema imunitário dessa pessoa, que simplesmente falhou, ou pode ser resultado de uma interação com o meio ambiente, em que o sistema deixou “abrir uma porta” e a doença entrou. É complexo…

Confrontado com a pergunta se o estado psíquico de uma pessoa poderá desencadear o aparecimento da doença, Aurélio Julião é categórico: Não acredito que estados psíquicos ou psicológicos desencadeiem alguma forma de câncer.

O que acredito é que um estado de espírito positivo ajude enormemente a encarar essa doença cruel, a tolerar melhor o tratamento. Pessoas com esse estado de espírito conseguem ter uma melhor qualidade de vida durante o tempo em que combatem a doença.

Rui Sintra – Jornalista

12 de março de 2018

Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma

A Recepta Biopharma é uma empresa de biotecnologia na área de saúde humana com atividades de pesquisa, desenvolvimento e testes clinicos com anticorpos monoclonais e peptídeos para uso no tratamento do câncer. Para desenvolver suas atividades a Recepta adotou um singular modelo baseado em parcerias com instituições de pesquisa. O modelo Recepta é uma resposta que tenta otimizar o uso da competência instalada nas instituições parceiras em projetos cientifica e/ou tecnologicamente desafiadores com uma estrutura que permita a obtenção de resultados dentro dos prazos e com a qualidade exigidas por uma empresa. Na palestra discutiremos o modelo, suas vantagens e os desafios que a Recepta enfrenta para atingir seus objetivos.

 

 

 

 


Resenha

Prof. Dr. Jose Fernando Perez

Decorreu no final da tarde do dia 25 de novembro, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), mais uma edição do programa intitulado “Ciência às 19 Horas”, subordinado ao tema Inovação Semi-Aberta: o caso da Recepta-Biopharma, tendo como palestrante o Prof. José Fernando Perez, Diretor-Presidente da empresa de biotecnologia Recepta-Biopharma, empresa que se dedica a pesquisa, desenvolvimento e testes clínicos relacionados com o tratamento do câncer. O Prof. Perez foi, igualmente, ex-diretor científico da FAPESP, no período 1993/2005.

A palestra versou sobre o modelo inovador em que a empresa se baseia, no sentido de otimizar o aproveitamento da excelência científica e tecnológica do País, para buscar parcerias com universidades, institutos de pesquisa e hospitais.

Com a colaboração de cientistas de comprovada competência e experiência internacional, a empresa prossegue o seu objetivo de fazer inovação tecnológica em biotecnologia, de forma a responder às necessidades da sociedade e do mercado nacional, traduzindo suas ações em medicamentos eficientes e em tratamentos mais baratos contra o câncer.

Para o Prof. Perez, o câncer é um problema crescente no mundo inteiro, constituindo a segunda causa de morte no Brasil e a primeira nos Estados Unidos, sendo que o número de casos no Brasil poderá igualar o dos EUA. Mas, porque é que o câncer atinge números tão preocupantes?

O câncer é uma doença cuja incidência aumentou com a longevidade da população. Hoje, todo o mundo cuida do colesterol, da hipertensão ou dos diabetes e essas medidas preventivas aumentam o tempo de vida das pessoas. Inexoravelmente, o câncer acaba ocupando o seu lugar graças a esse aumento de expectativa de vida das populações. O tratamento do câncer é um problema de saúde pública, é um problema de balança comercial e é por isso mesmo um desafio muito grande para a humanidade – afirmou José Perez.

Em conversa mantida com a Assessoria de Comunicação, poucos minutos antes de sua palestra, o Prof. Perez comentou que, atualmente, a melhor perspectiva que existe para o tratamento do câncer é a detecção precoce e, depois disso, a existência de várias formas de medicamentos que tratam diversas formas de tumor: (…) mas estamos longe de ter uma resposta satisfatória para um tratamento eficaz. Ainda não enxergamos uma luz no fundo do túnel – enfatizou.

Por outro lado, uma opção terapêutica importante contra o câncer é dada através dos designados anticorpos monoclonais (área em que a empresa Recepta-Biopharma se dedica), que são, sucintamente, moléculas biológicas que têm a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores, e estimular uma ação do sistema imunológico, apenas direcionadas a células tumorais. Esses anticorpos monoclonais estão sendo reconhecidos como uma opção terapêutica promissora para pacientes com determinado tipo de câncer.

Existem apenas dez anticorpos monoclonais no mercado mundial, com resultados muito interessantes, por exemplo, com um medicamento para o tratamento do tumor da mama, mas somente 23% dos pacientes são tratáveis por essa droga, sendo que cerca de 20% desse total responde ao tratamento. Como se observa, ainda existe um grande universo completamente desprotegido – afirma Perez.

Segundo o palestrante, no tratamento do câncer, a idéia é controlar e prevenir as metástases, já que o tumor é retirado cirurgicamente, e não é por causa dos tumores que os pacientes morrem, mas sim devido às metástases. Assim sendo, os anticorpos monoclonais aparecem como uma opção terapêutica que tem a capacidade de identificar as metástases, já que elas têm a mesma impressão digital que o tumor original: Mesmo assim, é desafio muito grande e creio que ainda estamos muito longe de ter uma resposta que possa tranqüilizar a sociedade –  acrescentou o Prof. Perez.

A empresa Recepta-Biopharma está tentando contribuir para gerar mais esperança para o combate a alguns tipos de tumor. Neste momento, segundo o Prof. Perez, tenta-se testar anticorpos dedicados ao combate do tumor do ovário, que é bastante agressivo. Contudo, o Presidente da “Recepta-Biopharma” volta a enfatizar que (…) o câncer é uma questão de saúde pública e uma questão de balança comercial. O tratamento com um anticorpo monoclonal custa a um paciente cerca de R$ 8.000,00 a cada três semanas e, se o paciente responder positivamente ao tratamento, continuará fazendo o mesmo por tempo indeterminado. Isso é um problema sério, que precisa ser equacionado – rematou Perez.

Rui Correia Sintra – Jornalista

Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma
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Inovação semi-aberta: o caso da Recepta Biopharma