Palestra

Aquela doença: Câncer

Data da Palestra: 13/09/2011
Palestrante: Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro
Instituição: Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto (INORP)
Palestra nr: 65

Nesta palestra serão apresentados aspectos relacionados a alguns tipos de câncer, principalmente câncer de próstata – o segundo mais comum entre os homens no Brasil -, o câncer de cólon. Também será abordado, de forma genérica, o câncer de mama, segundo mais frequente no mundo. O Dr. Aurelio Julião dissertará sobre alguns aspectos relacionados à prevenção dos tipos de câncer mais comuns, o que é a melhor escolha para lutarmos contra “Aquela doença: o câncer”.

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Aquela doença: Câncer
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Aquela doença: Câncer

 

 

 


Resenha

Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro

Em mais uma sessão do programa Ciência às 19 Horas, promovido pelo IFSC-USP, realizado no dia 13 de setembro, pelas 19 horas, no Auditório Sérgio Mascarenhas, foi a vez de se abordar um tema delicado e que ainda carrega, atualmente, algum desconforto, só de pronunciar seu nome: Câncer.

Coube ao palestrante, Dr. Aurélio Julião de Castro Monteiro, do INORP – Instituto de Oncologia de Ribeirão Preto, dissertar sobre Aquela Doença: Câncer, onde foram apresentados diversos aspectos relacionados com a doença.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação IFSC, um pouco antes da apresentação de sua palestra, Aurélio Julião referiu que a incidência do câncer está aumentando, em termos gerais, principalmente em tumores onde se consegue estabelecer uma correlação muito evidente entre agressões provenientes do meio-ambiente, incluindo o tabagismo -, como são os casos dos cânceres da boca, laringe, esófago, pâncreas e bexiga, entre outros. Contudo, segundo o clínico, existe algo que ainda não se conseguiu mensurar:

Não conseguimos mensurar os efeitos das agressões do meio-ambiente, como a poluição direta, jogar dejetos gasosos, líquidos ou sólidos diretamente na natureza, e a indireta, que encontramos nas cadeias alimentares, tanto vegetais como animais, em virtude da existência de inseticidas e de medicamentos presentes, principalmente na agropecuária. Tudo isso está impactando a incidência do câncer, principalmente nos países (em desenvolvimento) onde o controlo é deficitário, onde sequer existe um combate ao tabagismo.

No mundo aparecem, por ano, cerca de 8 milhões de novos casos de câncer e este número, segundo o palestrante, irá dobrar até 2020, sendo que 70% desse número ocorrerá principalmente na Índia, China e Rússia. Mas, o que é mais importante? Combater o tabagismo ou as agressões ao meio-ambiente?

No tabagismo consegue-se mensurar melhor a eficácia das medidas adotadas. Por outro lado, combater as agressões que o homem faz ao meio-ambiente, e que entram nas cadeias alimentares, é mais difícil de quantificar. Além de ser uma questão política, esta última é também uma questão que está relacionada com interesses econômicos muito fortes que estão instalados nos países em desenvolvimento.

É verdade que durante largas décadas a humanidade tem convivido com “Aquela Doença: Câncer” e a pesquisa não tem conseguido acompanhar a evolução da doença. De fato, consegue-se entender os passos metabólicosque provocam o aparecimento e desenvolvimento do câncer, mas o que não conseguimos é acompanhar a medida de combate aos passos metabólicos da doença, já que o câncer é uma proliferação desordenada de células, resultado de várias alterações a nível cromossômico e genético, que são aleatórias.

Quando começamos a bloquear determinados espaços, ficamos impossibilitados de bloquear todos os espaços que levam ao desenvolvimento celular. O Dr. Aurélio Julião confirma que hoje existem algumas reações designadas de reações em cascata, que acontecem dentro das células e consegue-se identificar exatamente onde está o erro da célula quando ela desenvolve um câncer:

Conseguimos desenvolver drogas que combatem exatamente aquele ponto específico, mas não conseguimos desenvolver drogas que combatam os escapes desse mesmo ponto.

Podemos combater um determinado passo metabólico molecular, mas não conseguimos impedir que as outras moléculas se desenvolvam em cascata.

O palestrante acredita que nos próximos vinte anos o câncer consiga superar, em números, as doenças cardiovasculares, já que, atualmente, uma em cada quatro pessoas, no mundo, irá morrer de câncer, principalmente nos países em desenvolvimento: É curioso observar que o câncer está regredindo nos países desenvolvidos.

Por quê? Porque existe uma maior eficácia nas medidas públicas de combate à doença e de combate à poluição, incluindo o tabagismo, existe uma maior eficácia no tratamento dos pacientes e um aumento significativo na qualidade dos hospitais e na competência de todo o pessoal médico, paramédico, de enfermagem e auxiliar.

Quando questionado se a luta contra o câncer passa necessariamente pela prevenção, o Dr. Aurélio Julião respondeu: Existem tumores malignos que conseguimos prevenir e existem tumores malignos que não conseguimos prevenir. Nós não conseguimos prevenir um linfoma ou um tumor cerebral, mas conseguimos evitar, por exemplo, um tumor pulmonar: como?

Controlando o tabagismo e a poluição atmosférica. Podemos prevenir o câncer de pele através de uma menor exposição ao sol ou a aplicação de filtros solares. Podemos prevenir o câncer do colo uterino, fazendo com que as meninas se vacinem contra o HPV. Esses cânceres conseguimos prevenir…

Os outros, não. Então, o cenário que enxergo para as próximas décadas é que o câncer vai continuar existindo e afetando as populações; mas ele vai chegar a um ponto em que se transformará em doença crônica, que nem a diabetes ou a hipertensão. Ele chegará a um estágio em que deixará de ser abordado e tratado como uma ameaça mortal, passando a ser visto como algo que o paciente terá que conviver até ao final de seus dias. Erradamente, muita gente pensa que o câncer é uma doença que apareceu no Século XX. Sobre essa argumentação, os relatos são extremos.

Na verdade, quanto mais a população mundial foi adquirindo mais tempo de vida, mais se deu a oportunidade para que o câncer se desenvolvesse e aparecesse. Na época dos Faraós (só para dar um exemplo), qual era a expetativa de vida? Apenas trinta e cinco ou quarenta anos, uma margem de tempo que não dava para que o câncer aparecesse.

Por exemplo, hoje, no Sudeste do Brasil, qual é a perspectiva de vida? Setenta e cinco anos. Claro que é uma margem de tempo que dá para a doença aparecer. Mas, como é que pode aparecer um câncer?

O Dr. Aurélio Julião explica: Vou tentar explicar de forma simples. Uma pessoa entre os zero e os setenta anos desenvolve, normalmente, 6 ou 7 cânceres no seu organismo e o seu sistema imunitário consegue bloquear todos eles. Em algumas pessoas, o seu sistema imunitário não consegue bloquear todos eles e aí surge o tal “escape” que eu falei acima, traduzido em um tipo de câncer.

Pode ter aparecido por um defeito inerente ao sistema imunitário dessa pessoa, que simplesmente falhou, ou pode ser resultado de uma interação com o meio ambiente, em que o sistema deixou “abrir uma porta” e a doença entrou. É complexo…

Confrontado com a pergunta se o estado psíquico de uma pessoa poderá desencadear o aparecimento da doença, Aurélio Julião é categórico: Não acredito que estados psíquicos ou psicológicos desencadeiem alguma forma de câncer.

O que acredito é que um estado de espírito positivo ajude enormemente a encarar essa doença cruel, a tolerar melhor o tratamento. Pessoas com esse estado de espírito conseguem ter uma melhor qualidade de vida durante o tempo em que combatem a doença.

Rui Sintra – Jornalista

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