A palestra abordará o papel do exercício físico na prevenção de doenças cardiovasculares (prevenção primária) e na reabilitação dos pacientes que tenham apresentado eventos coronarianos e na prevenção de novos eventos (prevenção secundária).
Mostra-se que o treinamento físico adequado também é benéfico para pacientes com insuficiência cardíaca crônica.
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Resenha
Doença Arterial Coronária: Treinamento Físico e Reabilitação Cardíaca, foi o título da palestra apresentada, incluída em mais uma edição do programa Ciência às 19 Horas, ocorrida no dia 19 de maio, no IFSC/USP, com a participação do conhecido e respeitado médico cardiologista da cidade de São Carlos e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas, Laboratório de Fisiologia do Exercício, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Dr. Roberto M. M. Verzola.
Verzola abordou o papel do exercício físico na prevenção de doenças cardiovasculares (prevenção primária) e na reabilitação dos pacientes que já apresentaram eventos coronarianos, bem como na prevenção de novos eventos (prevenção secundária), tendo mostrado que o treinamento físico adequado também é benéfico para pacientes com insuficiência cardíaca crônica.
Sabe-se que o exercício físico contribui para essa prevenção, mas, contudo, existe a necessidade de se poderem transmitir ao público os seus reais benefícios. Neste aspecto, o Dr. Roberto Verzola é enfático ao afirmar que o exercício físico atua de diversas formas, como, por exemplo, na circulação coronária, já que quanto mais precoce for iniciado mais ele aumenta a circulação da lateral coronária e aumenta o número de vasos que irriga a mesma região, sendo, por isso, um benefício enorme. Quando algum desses vasos tem problema de esclerose ou obstrução e o paciente aumenta a capacidade física, isso eleva a capacidade aeróbica máxima, ou seja, o consumo máximo de oxigênio. Então, o indivíduo desenvolve uma capacidade de captar e usar esse oxigênio com maior eficiência na produção do ATP, que é utilizado no exercício: são inúmeras as vantagens, elucida Verzola, acrescentando que, com isso, o aumento da capacidade de gasto de oxigênio no próprio músculo cardíaco aumenta, igualmente, a capacidade de bombeamento do músculo.
Com o avanço da idade, tudo isso beneficia o paciente, que fica com menos instabilidade no andar, sofre menos quedas e beneficia-se no sentido de que a solicitação muscular aumentada previne a osteoporose, sendo que é a melhor opção para prevenir a osteoporose, tanto do idoso, quanto da mulher e do homem. O exercício físico é benéfico antes e após qualquer episódio coronário. Se for executado após o citado episódio, não existe qualquer dúvida que todos os benefícios colhidos anteriormente irão ter grande utilidade para a recuperação do paciente, que, durante esse estágio, deverá imediatamente ser sujeito a uma prevenção secundária, desta feita executada por fisioterapeutas especializados em reabilitação cardíaca., alerta Verzola, atendendo a que esse trabalho requer algumas preocupações com relação aos resultados que irão ser colhidos daí para a frente: o paciente tem uma cicatriz decorrente do infarto e ela diminui o desenvolvimento e a performance cardíaca, mas os benefícios continuam para a vida toda.
Muitas pessoas têm dúvidas em relação ao grau de reabilitação atingida por um paciente, após um acidente cardiovascular. Na verdade, a reabilitação começa na fase hospitalar, ainda dentro da UTI. Vinte e quatro horas após o incidente, o paciente deverá começar a fazer exercícios com os membros, orientado por um fisioterapeuta cardiovascular. Depois que ele sai da UTI, da terapia intensiva / unidade coronária, o paciente vai para o quarto e continua fazendo fisioterapia: a esses dois momentos, seguidos, dá-se o nome de Fase-1. A seguir a essa fase aparece a Fase-2, onde o paciente, já em processo ambulatório, é sujeito a exercícios físicos supervisionados, sendo que após três ou quatro meses ele entra nas designadas Fase-3 e Fase-4, em que ele está livre, mas com a obrigatoriedade de fazer atividade física para o resto da vida.
Outro aspecto que vale abordar, neste contexto, é o chamado paciente com insuficiência cardíaca crônica, que é uma insuficiência cardíaca estável – portanto, tratada – e que já tem um tempo de evolução, como explica o nosso convidado. Por exemplo, depois do infarto você pode ter uma insuficiência cardíaca aguda, porque o episódio foi agudo. Mas esse infarto pode decorrer de uma doença valvular, cardiopatia isquêmica, doença de Chagas ou febre reumática. Esse aspecto é importante. Até há cerca de quinze ou vinte anos, era um tabu pensar em fazer atividade física aeróbica e, pior ainda, assistida, porque se pensava que isso aumentava a mortalidade: nada mais falso. É óbvio que existe um risco transitório durante a execução de exercício físico, mas, em longo prazo, o benefício é muito maior, a qualidade de vida melhora muito. A insuficiência cardíaca crônica é uma insuficiência cardíaca instalada já há algum tempo, explica o médico.
Por outro lado, muitas pessoas tem receio de fazer exercício físico, ao verem notícias relacionadas com indivíduos que morrem em academias ou praticando algum esporte. Para Verzola, é necessário ver, em primeiro lugar, se essas pessoas estavam sendo bem orientadas, como estavam fazendo determinadas cargas de exercícios, se fizeram atividades prévias monitorizadas para garantir que determinada carga não acarretasse nenhum risco. Essas mortes, em geral, não são devidas a doença coronária. Essas pessoas têm cardiomiopatia hipertrófica, que não foi diagnosticada, ou miocardite, ou seja, são provocadas por causas cardíacas – não coronárias. Por vezes, eles têm alguma síndrome arritmogênica não diagnosticada… A maioria desses atletas, com vinte e poucos anos, tem morte súbita fazendo um desempenho ou jogando uma partida de futebol… não é doença coronária. E as pessoas fazem confusão. Qualquer demência senil, hoje, é sinônimo de Alzheimer. O Alzheimer virou um guarda-chuva: as pessoas acham que tudo é Alzheimer!, conclui o palestrante.
Depois de um pequeno resumo da evolução da Cosmologia nas últimas décadas vamos nos deter na questão fundamental da origem do universo. Isto é, analisaremos as respostas dos cientistas à questão: o universo teve um começo em um tempo finito em nosso passado ou ele é eterno?
No cenário big bang, o universo teve um começo ?explosivo? há uns poucos bilhões de anos. Neste modelo as causas dessa explosão estariam fora da descrição da ciência: esta origem não teria uma explicação racional.
No caso do Universo Eterno ele teria passado por uma fase colapsante anterior — onde o volume total do espaço diminuiu com o tempo — atingiu um volume mínimo e desde então iniciado a atual fase de expansão. Neste caso, o big bang nada mais seria do que um momento de transição da fase colapsante à atual fase de expansão.
Resenha
“Do Big Bang ao Universo Eterno” foi o título da palestra realizada no dia 22 de junho, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas, ministrada pelo Prof. Dr. Mário Novello, do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA/CBPF/MCT), em mais uma edição do programa “Ciência às 19 Horas”.
Em sua fala, o Prof. Mário Novello mostrou uma grande preocupação com a forma como iria falar para um auditório que apresentava uma percentagem elevada de público não acadêmico: “A Cosmologia é um tema complicado, abrangente e polêmico em determinados parâmetros”, argumentou o cientista, manifestando, em simultâneo, seu contentamento por regressar à USP de São Carlos vinte anos após sua última visita.
A palestra começou como todos esperavam, ou seja, com algumas perguntas: o universo começou – ou não – com uma “explosão” há alguns bilhões de anos atrás? Assim, teve o universo um começo em um tempo “finito” no passado, ou ele é eterno? O Big Bang foi o começo de tudo? “Não!” foi a resposta categórica do pesquisador, referindo que o universo foi extremamente condensado no passado e que ele tem aumentado aceleradamente. Para dar um exemplo prático, o Prof. Novello comparou o universo a uma bola de soprar, em cuja superfície são pintados pequenos pontos. Ao soprar a bola, verifica-se que os pontos se afastam cada vez mais entre si. “É exatamente isso que está acontecendo com o universo”, explicou o cientistam “as galáxias estão se afastando umas das outras e isso está comprovado cientificamente através de inúmeras observações”.
Segundo o palestrante, a cosmologia é constituída por espaço, tempo, matéria e energia, sendo que a partir de 1960 surgiram várias idéias e teses que deram forma ao famoso “Big Bang”, ou seja, a possível existência de um cenário matemático de singularidade, uma singularidade primordial – a tal explosão -, a idéia do “Big Bang”.
Então, houve uma explosão no meio do universo? “Claro que não! … primeiro porque o universo não tem um centro, bem como nenhum corpo do universo indica o ‘meio’; isso não existe. As condições pelas quais o universo está em expansão acelerada, contrariam a tal idéia do ‘Big Bang’, e a comunidade dos físicos aceitou essa idéia graças a um teorema, mas mais tarde descobriram que esse mesmo teorema não se aplica ao nosso universo. Não houve nenhum ‘Big Bang’, nem isso foi o início do mundo. Agora, se havia nesse período um universo condensado, aí eu concordo”, sublinhou o Prof. Novello.
Resumidamente, no caso do Universo Eterno, ele teria passado por uma fase colapsante anterior – onde o volume total do espaço diminuiu com o tempo – atingiu um volume mínimo e desde então iniciado a atual fase de expansão. Assim, o “Big Bang” não é mais do que um momento de transição da fase colapsante à atual fase de expansão.Embora o tema seja complexo, o certo é que o Prof. Mário Novello conseguiu fazer passar para a platéia muitas das suas idéias, concepções, dúvidas e cepticismos, ao abordar temas paralelos – buracos negros, viagens no tempo, relação espaço/tempo, a fraqueza do campo gravitacional da terra, etc.
Certo é que esta palestra foi curta para tanta coisa que ficou por falar e explicar… com a controvérsia pelo meio.
Rui Correia Sintra – Jornalista