Quando se fala em “energia”, fora do jargão técnico, se está usualmente fazendo referência a um recurso comercializável importante para a vida quotidiana nos dias de hoje em situações que vão desde lareiras ou condicionadores de ar até as baterias que animam o funcionamento do telefone celular ou do computador portátil. Nesta palestra pretendemos caracterizar um domínio “nuclear” como uma das possíveis fontes da qual pode ser extraído esse recurso. Para tanto descreveremos os conceitos físicos básicos envolvidos na produção desta “energia nuclear” para passarmos em seguida à consideração de questões mais difíceis, como avaliação de riscos e benefícios que podem vir da exploração e uso dessa fonte, em que pese, em particular, o impacto de eventos mais catastróficos, como o que ainda está se desenvolvendo em Fukushima, no Japão.
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Resenha
A palestra subordinada ao tema Energia Nuclear: o que é e quais são seus riscos e benefícios, que decorreu no dia 07 de junho, pelas 19 horas, no auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC), integrada em mais uma edição do Programa ?Ciência às 19 Horas?, teve como palestrante o Prof. Dr. Antonio Fernando Ribeiro de Toledo Piza, professor titular do Instituto de Física da USP, personalidade com ampla experiência em Física Nuclear Teórica e, mais especificamente, em reações nucleares.
O palestrante não só aproveitou a discussão sobre a viabilidade da energia nuclear, que de repente ganhou um novo front, principalmente devido ao recente acidente na usina nuclear de Fukusima e pela passagem do 25º aniversário de outro acidente nuclear ? Chernobyl -, como também explicou, para o público leigo, qual o processo desse tipo de produção energética, balancear seus prós e contras, avaliar seus possíveis impactos e dar uma panorâmica sobre as bases físicas que estão diretamente ligadas aos perigos radioativos.
Momentos antes de iniciar sua palestra, em conversa aberta na Assessoria de Comunicação do IFSC, o Prof. Piza concordou, em parte, com nossa colocação: tida como uma menina bonita, de repente a energia nuclear passou a ser vilã:
É um fato que as pessoas começaram a ver a energia nuclear como um vilã, principalmente devido ao seu controle, que é problemático. Os perigos existem e os riscos são muito altos. Temos usinas nucleares espalhadas por todo o mundo e a partir do momento em que surge um problema, as pessoas ficam assustadas e receosas: isso é natural, até porque a radiação é invisível e as pessoas não carregam com elas medidores de radiação. Por outro lado, outra circunstância agravante é que não existem, em nenhuma usina, mecanismos de alarme eficazes, nem sistemas de prevenção ? referiu o Prof. Piza.
Dando o exemplo do recente acidente de Fukushima, no Japão, o docente da USP é categórico ao afirmar que existe a necessidade de se repensar seriamente em alternativas na politica nuclear mundial. Por exemplo, instalar reatores nucleares, no Japão, é um alto risco, já que o país está assente em falhas geológicas importantes, que obrigatoriamente provocam sismos: e o Japão sabia disso e agora, depois do acidente, vai ter que adotar outro tipo de filosofia em relação à energia nuclear, outros cuidados terão que ser tomados, outras formas de prevenção. O projeto de Fukushima mostrou sua fragilidade:
Duvido que Fukushima sobreviva. A cidade vai se tornar em uma Chernobyl – comentou Antonio Piza.
Contudo, no Brasil, as coisas parecem seguir um rumo tranquilo:
Aqui, as coisas estão bem em termos de segurança, mas é tudo uma incógnita. Existem alguns problemas técnicos que deverão ser observados – concluiu o docente.
Rui Sintra – Jornalista (IFSC)