Luz: Ciência e Vida – para todos
Em mais uma edição do programa Ciência às 19 Horas, ocorrida no dia 05 de maio último, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC/USP), coube ao docente e pesquisador de nosso Instituto, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, apresentar a palestra Luz, Ciência e Vida.
Nesta apresentação, que teve o objetivo principal de comemorar o Ano Internacional da Luz, o palestrante sublinhou o quanto a luz é fundamental em nossa vida, sob diversos aspectos, desde o fato de ser a fonte geradora da própria existência do homem, assimilada pelos organismos vegetais e difundida ao longo das cadeias alimentares, até aos mais relevantes avanços da ciência e tecnologia, permitindo alcançar perspectivas cada vez mais ousadas e concretas em direção ao entendimento da natureza, passando pelas praticidades do dia-a-dia e pelo importante sentido da visão.
A palestra de Bagnato, que congregou uma plateia entusiasmada, sublinhou as comemorações do Ano Internacional da Luz (2015), que celebra importantes datas relacionadas com eventos marcantes relacionados ao estudo da luz e que revolucionaram a ciência, razão pela qual a UNESCO escolheu este ano para, de forma simples mas marcante, estimular o mundo acadêmico e os diversos nichos da sociedade a refletirem sobre a importância desse fenômeno, que é essencial ao ser humano.
Idealizada no espírito dessa celebração, a palestra do pesquisador do IFSC/USP transmitiu os aspectos mais fundamentais da luz, tanto como fenômeno físico – o que ela é e como se comporta -, quanto em seus aspectos úteis ou importantes e as consequências de sua existência e de sua compreensão na vida do nosso cotidiano e no estabelecimento e avanço do conhecimento científico.
Com demonstrações práticas que ocorreram no próprio auditório onde ocorreu a palestra e com demonstrações e exposições alusivas ao Ano Internacional da Luz, que ocorreram após a sessão – em espaço reservado para o efeito -, mas aberto a todo o público, todos tiveram a oportunidade de conhecer aspectos simples, porém importantes, desse fenômeno que, por vezes, nem damos por ele, mas que nos cerca e envolve a cada minuto de nossas vidas.
A exposição
Na exposição que foi montada em celebração ao Ano Internacional da Luz, a equipe de Difusão Científica do CePOF/IFSC trouxe várias novidades: a inauguração de um Planetário Itinerante, uma exposição trazendo opções de ensino de óptica para deficientes visuais e uma exposição sobre as próprias comemorações do Ano Internacional da Luz, um evento que foi idealizado pelo Prof. Bagnato, tendo como coordenador-geral o Prof. Euclydes Marega, igualmente pesquisador de nosso Instituto.
O planetário insuflável que esteve em demonstração comporta até quarenta pessoas em seu interior e possui projeção em altíssima resolução. A coordenadora deste trabalho é a pesquisadora, Dra. Wilma Barrionuevo, que, auxiliada pelo técnico Leandro Pingueiro, tem a missão de levar o planetário até escolas e locais públicos, para que estudantes e a população em geral tenham acesso a filmes sobre temas diversos, como a formação do universo, células biológicas, óptica e luz, entre outros tópicos da ciência.
Já a exposição sugerindo técnicas para o ensino de óptica a deficientes visuais foi montada por vários alunos do Grupo de Óptica do nosso Instituto, coordenados pela física Hilde Buzzá. Durante a exposição, os visitantes tiveram os olhos vendados e puderam entender, na prática, como é realizado este aprendizado.
A terceira atração da exposição, que falou sobre a luz, trouxe os principais cientistas envolvidos com esse tema e os principais experimentos desenvolvidos pelos mesmos. O tema contou com a participação de professores, alunos e técnicos do próprio Grupo de Óptica do IFSC/USP.
A luz, mesmo que muita gente não perceba, porque nos é dada de graça, é o elemento mais importante que existe na Terra. A vida não existiria sem a luz; toda a energia que nós temos para formar vida vem da luz do sol; não teríamos calor na Terra se a luz não viesse da energia luminosa que vem do sol; então ela já é importante aí.
Agora, a luz é algo que sempre teve uma conotação divina e que a ciência conseguiu entender muito bem, manipulá-la e utilizá-la.
Então, a luz, hoje, tem uma aplicabilidade imensa. Toda a revolução que estamos passando no mundo moderno tem a ver com a luz. A evolução nas telecomunicações só foi possível com as fibras ópticas.
A evolução na iluminação pública, primeiro com a lâmpada de Edison, e depois com os LED’s… Então, a luz faz parte da vida. E mais do que isso, a ciência conseguiu entender o suficiente para utilizá-la e, hoje, a luz tem aplicação em quase todas as terapias.
Imagine o que seria das análises clínicas se não fossem os vários tipos de microscópios, os efeitos ópticos da interação com a matéria… Então, a luz é importante. Mas, mais importante do que tudo isso é que as pessoas têm que entender melhor o mundo ao seu redor. E, para isso, elas têm que entender o que veem e porque veem, e se não veem, o que está acontecendo? Então, a interação da luz com tudo, bem como com o que enxergamos e até onde isso é uma realidade, é extremamente importante.
É a sociedade que tem de enxergar soluções
Para o Prof. Bagnato, a luz é a origem de tudo, até porque no início, o Universo realmente foi uma grande flutuação de luz. Mas, até onde é que a luz pode chegar? É difícil responder essa pergunta, porque no início tudo era luz e continua sendo tudo luz. Provavelmente, no final, tudo continuará sendo luz. O que nos preocupa, no Ano Internacional da Luz, não é apenas a luz que enxergamos, mas sim aquela que a mente deveria enxergar. Então, a luz é um significado que vai além da parte científica e da matéria, e que atinge um pouco a parte filosófica. Estamos vivendo um momento em que as mentes têm que aprender a enxergar, não só com os olhos. E o Ano Internacional da Luz dá essa conotação, sublinha Vanderlei Bagnato.
Para o pesquisador, essa comemoração provoca que todos enxerguem um pouco mais do que o óbvio, principalmente em lugares obscuros, por exemplo no Terceiro Mundo, onde as pessoas não entendem o quanto elas têm que contribuir para o coletivo. Hoje, temos 2,5 bilhões de crianças que terminam a sua vida no pôr-do-sol, porque não têm luz elétrica. A maior causa de acidentes com crianças, na África, é a queimadura devido às lâmpadas que ainda funcionam com querosene e óleo. Então, ao mesmo tempo em que se está usando o laser e a luz para curar o câncer, nós não estamos dando alternativas para a sociedade básica. É um momento de reflexão, pontua Bagnato.
Para o pesquisador do IFSC/USP, a sociedade tem que começar a entender que quem tem de enxergar e ver onde estão as soluções não são os governos, mas sim a sociedade. As pessoas que hoje estão aqui, os jovens que vieram em grande número assistir a esta palestra, provavelmente amanhã serão governos e governantes. Se eles não aprenderem a enxergar o que precisa – e isso vem à luz -, não vamos a lugar nenhum, conclui Bagnato.
(Rui Sintra – jornalista)