Palestra

19 de abril de 2023

Bate papo sobre Inteligência Artificial – E o ChatGPT?

O programa “Ciência às 19 Horas”, promovido pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), regressou no dia 18 de abril último com o tema “Bate-papo sobre Inteligência Artificial”, uma apresentação e debate que estiveram a cargo do Prof. Dr. Fernando Santos Osório, docente do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação do Campus USP de São Carlos (ICMC/USP).

No resumo desta palestra foi dado o destaque que a Inteligência Artificial (IA) está em tudo e em todo lugar, com muitas aplicações e presente no dia a dia das pessoas, talvez até mesmo sem elas perceberem. No táxi, nos diversos aplicativos, na recomendação de filmes por streaming (p.ex. Netflix), mas também nos robôs da OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica), nos robôs inteligentes, em aspiradores de pó, nos robôs do tipo veículos autônomos, nos robôs assistentes virtuais (p.ex. Alexa e Siri), e mais recentemente nos robôs de conversação, os chatbots, como o ChatGPT.

Para o palestrante, o que as pessoas devem fazer é se acostumar à IA já que ela vai ficar cada vez mais presente no cotidiano da sociedade. A partir daí, podem-se imaginar carros autônomos, diagnósticos médicos de excelência, atendimentos personalizados, sendo que tudo isso já está um pouco presente na nossa vida e vai aumentar ainda mais, mas, segundo o pesquisador, ainda irá demorar um pouco, tendo em atenção que embora hajam muitos benefícios, também existem muitos riscos. “Por exemplo, houve casos de eleições que foram influenciadas utilizando a IA. Temos os exemplos dos EUA, Brasil e Inglaterra, através de redes sociais com a introdução de “fake news”, impulsionando notícias que eram favoráveis ou contrárias a determinados candidatos. Então, existe, sim, uma ameaça à democracia em função da desinformação e da manipulação da informação que pode ser amplificada pelas ferramentas que a IA dispõe”, pontua o palestrante.

ChatGPT: uma revolução ou uma trapaça?

Segundo o Prof. Fernando Osório, o ChatGPT, que é experimental, nunca deveria ter sido aberto de forma geral e gratuita ao público, já que esse lançamento foi uma questão econômica para promover e capitalizar  as novas versões que foram entretanto desenvolvidas. “O ChatGPT tem mais problemas do que vantagens e, na minha opinião, deverá ser pesquisado a fundo. Sou contrário a parar pesquisas – sejam elas quais forem – porém, acho que foi uma irresponsabilidade lançar o ChatGPT, atendendo a diversos pormenores, entre os quais o fato de ele poder ser treinado para você introduzi-lo no Whatsapp para uma conversação com tendência política – ou qualquer outra que se pretenda inserir. O ChatGPT escreve bem e para as pessoas isso dá a ele a característica de uma autoridade igual a pessoas que falam e escrevem bem – pessoas cultas. Então, você pensa que ele é uma ferramenta culta e inteligente na qual você poderá confiar, como confia nas pessoas que têm reputação pública. Aí você dá crédito ao ChatGPT, mas as respostas que ele dá são erradas… Ele alucina e inventa coisas completamente aleatórias, algo que é prejudicial e muito perigoso, principalmente para as crianças em idade escolar”, sublinha o Prof. Fernando Osório.

Quanto ao fato de muitas pessoas afirmarem que o ChatGPT pode vir a constituir uma ameaça aos empregos, Fernando Osório classifica isso como uma fantasia. “Isso não é real! Ele não vai roubar empregos a ninguém… Estou falando do ChatGPT e não da tecnologia, pois esse é outro tema”, sublinha o pesquisador, acrescentando que está havendo uma injeção muito grande de dinheiro relativamente a propaganda. “O que se pretende é supervalorizar, passar a ideia de que o ChatGPT é muito mais do que na realidade ele é, pois ele nada cria, apenas copia informações e as trata através de seu sistema”, conclui o pesquisador.

Assista abaixo à gravação da palestra completa.

Rui Sintra – Jornalista – IFSC/USP

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