Palestra

16 de março de 2018

Palestra discute o projeto “Rios Voadores” e a importância da Floresta Amazônica no equilíbrio climático e econômico do Brasil

Foi realizada no último dia 9, no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas do IFSC, mais uma edição do programa “Ciência às 19 horas”. Em uma parceria inédita com a VII Semana da Engenharia Ambiental, o convidado foi o engenheiro mecânico e piloto Gérard Moss, responsável pelo projeto “Rios Voadores”, o qual foi discutido sob o ponto de vista da influência deste fenômeno no clima e na economia brasileiros.

Em sua fala, para um público numeroso, atento e curioso, Moss explicitou que os chamados rios voadores são cursos de água – mais especificamente, correntes de ar contendo umidade – que tem sua origem remota no Oceano Atlântico, se abastecem de vapor de água na Bacia Amazônica e percorrem as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Sua pesquisa definiu um pequeno corredor no céu por onde passam essas correntes de ar, medindo a quantidade de água que por ali circula durante 24 horas, e os resultados foram impressionantes. “Descobrimos que a quantidade de água precipitável pode ser muito próxima da quantidade que circula no rio Amazonas, o maior rio do mundo, que é 200.000 m³/s”, contou.

Segundo ele, essa água não é inteiramente aproveitável, pois a precipitação de fato envolve muitos outros fenômenos, mas a importância que estas correntes de ar têm para o equilíbrio natural do clima brasileiro e para o desenvolvimento da agricultura e fornecimento de energia elétrica é muito nítida e inegável.

E é a Floresta Amazônica a grande responsável por este fenômeno. O processo de evapotranspiração, através do qual os vegetais transferem água para o ambiente, enviando umidade para a atmosfera, ocorre em grande escala em uma floresta do porte da Floresta Amazônica. Desta forma, a floresta atua como um mecanismo regulador do vapor presente na atmosfera, e também como uma controladora do aquecimento solar, pois 40% da energia solar que ali chega é utilizada neste trabalho de evaporação.

É importante refletir, portanto, sobre os efeitos das queimadas e dos desmatamentos neste processo natural, calculando os impactos a longo prazo no balanço hídrico brasileiro, no equilíbrio do clima e na economia do país.

Gerard e sua esposa Margi, como exploradores dos céus há décadas, voando em aviões leves e de baixa altitude, se depararam muitas vezes com estes efeitos negativos de uma visão privilegiada. Puderam perceber os rios acuados, frágeis, um avanço significativo nos processos de desertificação, as queimadas abrindo buracos na floresta e a população se refugiando cada vez mais destes efeitos. Foi então que decidiram tentar compreender melhor os processos naturais pelos quais a Amazônia é responsável, para poder agir em prol do meio ambiente.

Hoje em dia, o projeto Rios Voadores entra em sua segunda etapa, com teor mais educacional, com o objetivo de difundir os conhecimentos que puderam absorver de suas experiências , conscientizando estudantes acerca da importância da Amazônia e transmitindo formas acessíveis de lidar com a sustentabilidade do planeta. “Hoje em dia, já existe uma maior consciência em relação às formas de preservação da Terra. Falta mesmo um conjunto de ações eficaz, pois todos pensam que é a sustentabilidade é algo distante e que pequenos atos não farão diferença, mas reciclar lixo, economizar água e energia elétrica e deixar o carro na garagem uma vez por semana faz diferença, sim. É importante acordar todos os dias e se perguntar: ‘o que sou capaz de fazer hoje em prol do nosso planeta?'”, opina Moss.

Com esta mensagem, Moss nos motiva a repensar os hábitos, a reconsiderar nosso dia-a-dia a favor de um bem maior que é reduzir o impacto da presença do ser humano na Terra. E, também, nos deixa na expectativa por outros resultados e outros avanços em suas pesquisa, que com certeza chegarão até nós.

Para outras informações, acesse www.riosvoadores.com.br

Nicolle Casanova

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