Palestra

Energia Renovável: Um panorama nacional

Data da Palestra: 20/09/2016
Palestrante: Prof. James R. Waterhouse
Instituição: Dep. Engenharia Aeronáutica - Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP)
Palestra nr: 109

Nesta palestra, inicialmente será mostrado um quadro geral da energia nacional, focando na energia elétrica e sua geração altamente concentrada, bem como a infraestrutura nacional.

Em seguida, será brevemente abordada a possibilidade da geração distribuída e seus possíveis benefícios para o país.

Após a exposição dos benefícios da geração distribuída, serão abordados os modais eólico, solar, biomassa e hidrocinético na geração distribuída e na geração concentrada.

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Resenha

Prof. James R. Waterhouse

O Brasil é um dos países no mundo com a maior porção de energia elétrica renovável, só que completamente concentrada no modal hidrelétrico, ou seja, construída e instalada muito longe dos centros de consumo, provocando, por isso, um problema muito grande no que diz respeito à transmissão.

Este foi o resumo que o Prof. James Waterhouse fez à Assessoria de Comunicação sobre o tema intitulado Energia renovável: um panorama nacional, palestra apresentada na última edição do programa Ciência às 19 Horas, ocorrida no dia 20 de setembro, no Auditório ?Prof. Sérgio Mascarenhas? (IFSC/USP).

E, o problema salientado no início desta nossa matéria deve-se, em primeiro lugar, à distância das hidrelétricas dos centros de consumo. Com exceção de Furnas, que se localiza no estado de Minas Gerais, as restantes localizam-se na bacia amazônica ou no Paraná e os consumidores estão a mais de mil quilômetros de distância, como, por exemplo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Desta forma, segundo Waterhouse, tem que se utilizar muitas linhas de transmissão, o que tem causado sérios problemas para o país, desde há longo tempo. Embora a geração de energia seja enviada através de novas hidrelétricas, cuja transmissão também foi ampliada, o certo é que ela está ainda aquém da necessidade nacional. ?Temos tido muitos problemas com transmissão nos últimos vinte anos, no Brasil, além de termos outro problema muito grave, que é o endividamento do setor elétrico, que hoje é todo estatal?, comenta Waterhouse.

Segundo explicou o palestrante, o setor estatal é controlado pela presidência da república, que fez um decreto para a redução da tarifa energética, só que esse decreto acarretou num endividamento recorde de todas as empresas que não conseguiram cumprir metas de custo: por lei, elas foram obrigadas a vender a energia mais barata e acumularam dívidas. ?Só a Eletrobrás, que é uma das faces dessa história – ou a principal face -, tem uma dívida de mais ou menos 45 bilhões de reais. Então, não tem como não quebrar e se quebra, quebra o país. Energia todo mundo consome. Precisamos de energia. O sistema Eletrobrás, se não fosse estatal, estava falido, basicamente?, enfatiza o palestrante.

Dessa forma, a dívida de 45 bilhões terá que ser recuperada e quem vai pagar essa dívida, basicamente, é o consumidor, que vai reverter todos esses erros. Contudo, nesse intrincado processo de redução do endividamento, as empresas começaram a contingenciar investimentos. ?O primeiro investimento comprometido foi a expansão de linhas de transmissão, e, na sequência, o processo de manutenção das linhas. As linhas de transmissão são ativos e de grande durabilidade – trinta e cinco ou quarenta anos de durabilidade -, então você tem que renovar, fazer uma manutenção compatível, só que sem dinheiro não existe manutenção?, lamenta Waterhouse.

Em face desses problemas, o que todas as concessionárias fizeram foi realizar um mínimo de manutenção possível nas linhas, porque não tinham dinheiro. Na opinião de nosso entrevistado, todo ativo de transmissão enfrenta dois problemas, sendo que o primeiro se concentra na idade de grande parte dos ativos nacionais de transmissão, que foram feitos durante a época do governo militar, tendo-se atingido exatamente o momento de reformá-los e trocar tudo. ?Foi exatamente nessa hora que o recurso foi contingenciado. Então, as empresas de distribuição, todas as concessionárias, pouparam recursos, fazendo a mínima manutenção possível aquém da necessidade. Só que, como veio uma recessão brutal (a maior recessão do país), o consumo de energia, que crescia a 6% ao ano, diminuiu. Hoje temos uma sobre-oferta de energia da ordem de 5% e, no processo de retomada de crescimento, com 2% ou 2,5% que o país volte a crescer, esse excedente de energia passa imediatamente a virar déficit e as linhas vão ser imediatamente sobrecarregadas. Num futuro próximo haverá um risco – que não é desprezível – de termos um ativo bastante depreciado, sem a devida manutenção e com aumento de consumo muito grande?, sublinha James Waterhouse.

Energia Renovável: Um panorama nacional
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