Decorreu no final da tarde do dia 25 de novembro, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), mais uma edição do programa intitulado “Ciência às 19 Horas”, subordinado ao tema Inovação Semi-Aberta: o caso da Recepta-Biopharma, tendo como palestrante o Prof. José Fernando Perez, Diretor-Presidente da empresa de biotecnologia Recepta-Biopharma, empresa que se dedica a pesquisa, desenvolvimento e testes clínicos relacionados com o tratamento do câncer. O Prof. Perez foi, igualmente, ex-diretor científico da FAPESP, no período 1993/2005.
A palestra versou sobre o modelo inovador em que a empresa se baseia, no sentido de otimizar o aproveitamento da excelência científica e tecnológica do País, para buscar parcerias com universidades, institutos de pesquisa e hospitais.
Com a colaboração de cientistas de comprovada competência e experiência internacional, a empresa prossegue o seu objetivo de fazer inovação tecnológica em biotecnologia, de forma a responder às necessidades da sociedade e do mercado nacional, traduzindo suas ações em medicamentos eficientes e em tratamentos mais baratos contra o câncer.
Para o Prof. Perez, o câncer é um problema crescente no mundo inteiro, constituindo a segunda causa de morte no Brasil e a primeira nos Estados Unidos, sendo que o número de casos no Brasil poderá igualar o dos EUA. O câncer é uma doença cuja incidência aumentou com a longevidade da população. Hoje, todo o mundo cuida do colesterol, da hipertensão ou dos diabetes e essas medidas preventivas aumentam o tempo de vida das pessoas. Inexoravelmente, o câncer acaba ocupando o seu lugar graças a esse aumento de expectativa de vida das populações: O tratamento do câncer é um problema de saúde pública, é um problema de balança comercial e é, por isso mesmo, um desafio muito grande para a humanidade – referiu nosso entrevistado.
O Prof. Perez comentou que, atualmente, a melhor perspectiva que existe para o tratamento do câncer é a detecção precoce e, depois disso, a existência de várias formas de medicamentos que tratam diversas formas de tumor: (…) mas estamos longe de ter uma resposta satisfatória para um tratamento eficaz. Ainda não enxergamos uma luz no fundo do túnel – enfatizou.
Por outro lado, uma opção terapêutica importante contra o câncer é dada através dos designados anticorpos monoclonais (área em que a empresa Recepta-Biopharma se dedica), que são, sucintamente, moléculas biológicas que têm a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos em tumores, e estimular uma ação do sistema imunológico, apenas direcionadas a células tumorais. Esses anticorpos monoclonais estão sendo reconhecidos como uma opção terapêutica promissora para pacientes com determinado tipo de câncer. Existem apenas dez anticorpos monoclonais no mercado mundial, com resultados muito interessantes, por exemplo, com um medicamento para o tratamento do tumor da mama, mas somente 23% dos pacientes são tratáveis por essa droga, sendo que cerca de 20% desse total responde ao tratamento, o que significa dizer que ainda existe um grande universo completamente desprotegido.
Segundo o palestrante, no tratamento do câncer, a idéia é controlar e prevenir as metástases, já que o tumor é retirado cirurgicamente, e não é por causa dos tumores que os pacientes morrem, mas sim devido às metástases. Assim sendo, os anticorpos monoclonais aparecem como uma opção terapêutica que tem a capacidade de identificar as metástases, já que elas têm a mesma impressão digital que o tumor original: Mesmo assim, é desafio muito grande e creio que ainda estamos muito longe de ter uma resposta que possa tranqüilizar a sociedade – acrescentou o Prof. Perez.
A empresa Recepta-Biopharma está tentando contribuir para gerar mais esperança para o combate a alguns tipos de tumor. Neste momento, segundo o Prof. Perez, tenta-se testar anticorpos dedicados ao combate do tumor do ovário, que é bastante agressivo. Contudo, o Presidente da “Recepta-Biopharma” volta a enfatizar que (…) o câncer é uma questão de saúde pública e uma questão de balança comercial. O tratamento com um anticorpo monoclonal custa a um paciente cerca de R$ 8.000,00 a cada três semanas e, se o paciente responder positivamente ao tratamento, continuará fazendo o mesmo por tempo indeterminado. Isso é um problema sério, que precisa ser equacionado – rematou Perez.
Rui Correia Sintra – Jornalista