Prof. Rodrigo Nemmen fala sobre a ciência do filme Interestelar
O filme de ficção científica intitulado Interstelar foi o mote principal para a realização da edição do mês de outubro do programa Ciência às 19 Horas, que ocorreu no dia 24 de outubro, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC/USP), com a presença do palestrante convidado – Prof. Dr. Rodrigo Nemmen – docente e pesquisador no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), que dissertou sobre o tema A Ciência do Filme Interestelar, um evento que incluiu a exibição do longa no mesmo dia, entre as 15h45 e 18h35.
O filme retrata um futuro não muito longínquo do presente, no qual a civilização humana está à beira do colapso. Devido à propagação incontrolável de pestes agrícolas, há uma grande escassez de alimentos e alterações na composição da atmosfera, ameaçando levar a humanidade à extinção dentro de poucas gerações. Neste contexto, é organizada uma viagem interplanetária em busca de um planeta potencialmente habitável e no qual seja possível reconstruir a civilização. Fazendo uso de um misterioso wormhole que surgiu no sistema solar e que constitui um portal para outra galáxia, a expedição viaja até um sistema planetário com vários candidatos, circundando um buraco negro supermassivo, denominado Gargantua.
Um dos planetas visitados, o planeta de Miller, possui muita água no estado líquido e orbita muito perto do buraco negro. Neste planeta os astronautas observam efeitos curiosos de gravitação, como ondas gigantes e fenómenos de Relatividade Geral, como grandes dilatações do tempo (uma hora no planeta corresponde a sete anos na Terra).
Tendo em conta que o revisor científico do filme foi Kip Thorne, uma das maiores referências científicas internacionais na área da gravitação e ganhador do Prêmio Nobel da Física – 2017, foi bastante interessante verificar onde estão instaladas as fronteiras entre realidade e a ficção neste filme, que aborda a existência de um buraco de minhoca (wormhole) que possibilita uma viagem intergalática, um fenômeno previsto teoricamente, mas jamais observado na prática. Esse fenômeno foi descrito primeiro por Albert Einstein e Nathan Rosen em 1935 e devido a isso seja oficialmente chamado de ponte de Einstein-Rosen. Segundo a teoria elaborada pelos dois físicos, buraco de minhoca é uma deformação do espaço-tempo que funcionaria como um atalho espacial.
Assim, o Prof. Nemmen revelou que os incríveis eventos fictícios do filme, assim como os efeitos especiais inéditos, são baseados em áreas fascinantes da ciência, falando também sobre buracos negros, viagens interestelares, planetas fora do sistema solar, etc., descrevendo as leis que governam o nosso universo e os fenômenos assombrosos que estas leis tornam possíveis.
Em entrevista à Assessoria de Comunicação do IFSC/USP, o pesquisador falou sobre o que, no filme, corresponde e não corresponde minimamente á realidade científica, tendo discorrido sobre dilatações do tempo, buracos de minhoca, dimensões espaciais, se será – ou não – possível fazer viagens interestelares no futuro, viagens no tempo, etc..
Clique na imagem abaixo para assistir à entrevista.
(Rui Sintra – jornalista)